Inhotim: arte entrosada com o tempo, o verde e o povo!
Parodiando um mal-humorado crítico de literatura, que declarava a respeito da obra de seus desafetos: “não li e não gostei”, posso afirmar seguramente sobre Inhotim: “não fui, mas já adorei”.
Por Christiane Marcondes*
Publicado 20/12/2011 19:53
Minha interatividade com o espaço verde, arquitetônico, plástico e musical começou com a paixão de uma amiga. Ela foi a Minas na semana passada e voltou impregnada até a alma de Inhotim. Ainda não nos vimos, mas em todos os três e-mails que trocamos ela fez a referência ao local com elogios desajuizados, totalmente comprometidos pelo gostar.
As repetidas menções a Inhotim despertaram meu lado repórter, vadio e assanhado, e logo cheguei à primeira e mais recente notícia sobre o lugar, uma premiação. Transcrevo a seguir:
“O projeto arquitetônico do Centro de Educação e Cultura Burle Marx, no Inhotim, foi premiado pela 9ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, que aconteceu entre os dias 02 de novembro e 04 de dezembro, no Parque Ibirapuera, sob o tema Arquitetura para todos: Construindo cidadania.
O projeto arquitetônico do Centro de Educação, de autoria de Alexandre Brasil e Paula Zasnicoff, com a colaboração de Bruno Berg e Manoela Campolina, possui 1.700 m2 e é um local voltado para as atividades educativas realizadas pelo Instituto.
O prédio está localizado próximo à recepção do Inhotim e conta com sala de aula, biblioteca, atelier, teatro e cafeteria. Essencialmente um espaço de trabalho e conhecimento, o Centro propicia a potencialização da relação do público com o Inhotim, pois seus espaços dialogam com a paisagem ao redor, dando continuidade a uma ampla área verde e ao circuito de galeria de arte já existentes no lugar."
Pé na estrada
A partir daí, visitei o site longamente, coletei todas as informações para uma matéria, mas ainda não estava satisfeita. Faltava a sensação do lugar….apelei para a bendita tecnologia que me levou aos vídeos e depoimentos. Num deles, a jornalista Marília Gabriela parece extasiada: “”Eu me senti caminhando dentro do sonho de um homem visionário”.
Referiu-se ao fundador do local, o empresário mineiro Bernardo Paz, que ganhou o prêmio de melhor colecionador internacional na Arco 2008, feira de arte espanhola. Marília termina com a boca salivando: “E a comida é ótima!”
Não bastasse tudo, ainda há comida, pensei. O segundo depoimento, não menos entusiasmado, é de Miguel Falabela: “Eu não conheço nenhum lugar no mundo que chegue perto de Inhotim em termos de beleza e de propriedade na exposição das obras”. No meio da fala, resumiu: “Foi uma experiência única”.
Do lado de dentro
O Inhotim Centro de Arte Contemporânea (Caci) tem sete pavilhões de exposição que se espalham por 2.100 hectares de mata atlântica, em meio a quatro lagos artificiais e aos jardins originalmente desenhados por Roberto Burle Marx. Paraíso em Brumadinho (MG) para os artistas e os amantes da arte contemporânea nacional e internacional.
Com Inhotim, Bernardo Paz pretende "tirar do colecionador e da arte contemporânea uma imagem que se cola a ela quase como uma maldição: o elitismo". Em sua visão, o Caci é sobretudo um projeto educativo, no qual o prazer do piquenique familiar junto ao verde não exclui a curiosidade ou o contentamento criado ao conhecer, por exemplo, a Cosmococa 5-Hendrix War (1973), de Oiticica e Neville D'Almeida, ao som de Jimi Hendrix.
Depois dessa, eu ofereço carona aos interessados no vídeo a seguir, para conhecer o museu, parque, escola, jardim botânico com plantas raras. Serginho Groisman fez o "Altas Horas" de aniversário no museu a céu aberto, a moçada entrou na vibe: foi umas das plateias mais animadas dos 11 anos em que o programa global está no ar.
Agora só falta você, diria a Rita Lee!