Ocupe Brasília encerra atividade com pelada e participação na CCJ
O Ocupe Brasília chega ao fim depois de permanecer durante uma semana acampado em frente ao Congresso Nacional, em Brasília (DF). De mãos dadas, estudantes de diversas partes do país formaram um circulo imenso no Salão Azul do Senado para promover uma “pelada” de encerramento para protestar a demora na aprovação do Estatuto da Juventude.
Publicado 18/12/2011 18:18
Ocupe Brasília chega ao fim / foto: divulgação UNE
Os estudantes usaram a bola autografada pelo deputado Romário, que foi visitar o acampamento. Eles também protestam pela não regulamentação da meia-entrada em todos os eventos culturais. Após a manifestação, os estudantes desceram pelas escadarias ecoando o Hino Nacional, por todo o Senado.
Na quarta-feira (14), os acampados caminharam até o Congresso Nacional para participar da votação do Estatuto, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Ele reivindicam a aprovação do texto com um Sistema Nacional de Juventude (SNJ), a meia passagem e a meia entrada para estudantes em todos os eventos culturais, incluindo a Copa de 2014.
Avisados de que os jovens tentariam entrar na CCJ para acompanhar a leitura do parecer, a segurança na Casa foi reforçada. Os seguranças impediram os manifestantes de entrar pelo portão principal, que se deslocaram para uma das portarias de acesso ao Senado, em área externa. Após pressão dos estudantes, os seguranças repreenderam os jovens, agredindo-os com spray de pimenta.
A pressão continuou e diretores da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) falaram a alguns senadores que participavam da reunião da comissão,que interviram. “Parece que houve um exagero no zelo da nossa segurança, que usou até spray de pimenta. Faço um apelo à presidência da Casa, peço que autorize os estudantes a participarem dessa reunião”, solicitou o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE).
Após a intervenção, os manifestantes conseguiram entrar e acompanhar a votação. Mesmo negando ter impedido a entrada dos jovens na reunião, o presidente da CCJ, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), desculpou-se e permitiu o acompanhamento da leitura do relatório sobre o Estatuto.
Sessão
Durante a sessão, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) reformulou seu parecer favorável ao projeto de lei da Câmara (PLC 98/11) que institui o Estatuto da Juventude, acolhendo algumas emendas de senadores. Mas, não houve consenso para sua votação na CCJ.
Caso não haja entendimento até a quarta-feira (21), quando a proposta volta à pauta de votações, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) deverá apresentar voto em separado, recurso utilizado para votar separadamente parte da proposição submetida ao exame dos parlamentares que pediram vista, retirada especificamente para esse fim.
Randolfe formulou o texto para garantir o benefício da meia-entrada aos estudantes e minimizar o prejuízo causado ao setor cultural pela expedição de identidades estudantis fraudulentas e sem controle. A venda de ingressos com desconto de 50% também será limitada à metade da ocupação da casa de espetáculo, no caso de eventos financiados com recursos públicos, e a 40% do total de bilhetes, se for custeado exclusivamente por entidades privadas.
Randolfe, durante a leitura, exaltou a importância de dar continuidade à autonomia das entidades estudantes, no caso da UBES e da UNE. “Essas entidades foram as primeiras a dar cara ao jovem no Brasil. Foram as primeiras a sofrer perseguição e são as primeiras até hoje a sofrer repressão. Temos que garantir autonomia e o direito legítimo de prevalecer essas entidades estudantis como representantes de nossos jovens”, explicou aos senadores.
Com bandeiras, cartazes e palavras de ordem, a presença dos estudantes foi fundamental para mostrar interesse na aprovação imediata. A UNE, a UBES e a ANPG já estão se mobilizando para semana que vem chamar pressionar novamente oo Senado e garantir a votação do Estatuto ainda este ano.
“Infelizmente, tivemos pedidos de vista e a votação foi novamente adiada. Seguiremos pressionando pois sabemos do nosso papel. Temos agora muita luta pela frente”, avaliou Daniel Iliescu, presidente da UNE.
Adiada a votação do Estatuto, os estudantes se reuniram no Plenário 19, sala ao lado da CCJ, para conversar sobre o ocorrido. Aos poucos, ganharam adesão de parlamentares como Randolfe Rodrigues, Inácio Arruda e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), que se posicionaram a favor do movimento estudantil.
Inácio Arruda fez um apelo para todos os jovens estarem novamente semana que vem na CCJ e acompanharem de perto a nova votação.
“Antecipando-se a um eventual acirramento dos ânimos na reunião da próxima quarta-feira, alguns senadores sugeriram que a sessão se limitasse à permanência na sala aos líderes estudantis. Bobagem. Todos vocês cumprem um papel importante e exaltam vozes, sejam líderes ou não. Continuem pressionando, venham em peso. Temos que ter uma turma boa, pois esse movimento é fundamental para conquistar vitórias importantes para a sociedade”, declarou Arruda.
Com informações do EstudanteNet