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Celac avança não só para integração, mas para independência da AL

Nesta sexta-feira (2) terá início, em Caracas, um processo histórico para toda a América Latina. Os chefes dos 33 países que compõem a região deverão constituir a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), uma organização de caráter político e integracionista, que reunirá, pela primeira vez, os chefes de Estado da região sem a presença dos Estados Unidos ou de países europeus.

A constituição da Celac é um reflexo do nível avançado dos povos da América Latina e do Caribe por sua emancipação, integração e independência, como escreveu Ángel Guerra Cabrera para o jornal mexicano La Jornada.

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“Esse processo pode ser realizado hoje graças à atuação de grandes movimentos populares antineoliberais ao sul do Rio Bravo e suas combativas lutas, que conduziram ao surgimento de um conjunto de governos com vocação social e mais independentes de Washington. Esse processo estimulou a elevação da consciência latino-americanista, anti-imperialista e até mesmo anticapitalista na região”, sublinha.

Ele aponta que “a Celac vai encarnar a voz independente da nossa região em um mundo multipolar em gestação. Não a voz subordinada típica da OEA [Organização dos Estados Americanos] e do Tiar [Tratado Interamericano de Assistência Recíproca], com seu histórico a serviço dos interesses de Washington, justificando suas intervenções sangrentas e acolhendo suas ditaduras militares amigas. A nova organização se alimenta das experiências da Alba, da Unasul, da Caricom e do Grupo do Rio, prova de como são enriquecedoras a unidade e a pluralidade latino-caribenhas na hora de encontrar soluções comuns e entendimentos coletivos sobre o fundo unificador de uma história de lutas contra a exploração colonial e neocolonial e raízes culturais indo-afro-europeias comuns”.

Integração é prioridade para o Brasil

O porta-voz da presidência da República, Rodrigo Baena, ressaltou que para o Brasil a Celac constitui “o terceiro anel do processo de integração que começa com o Mercosul (Mercado Comum do Sul) e segue com a Unasul (União de Nações Sul-Americanas)”.

Esse terceiro anel, detalhou Baena, ratifica a vontade brasileira de se integrar aos outros países sul-americanos e a todo o resto da América Latina.

O sonho da unidade latino-americana teve seu ponto de partida em 1824 com a convocação de Simón Bolívar ao Congresso do Panamá, com a intenção de criar uma federação das repúblicas recém-independentes. A ideia original foi elaborada por Francisco de Miranda, que propunha a criação de uma grande e única nação à qual se nomearia Grã Colômbia.

Bolívar definiu esta intenção na Carta da Jamaica, escrita em 1815, e qualificou de grandiosa a intenção de fundar na América Latina "uma só nação com um único vínculo que una suas partes entre si e com o todo".

A Celac será, neste sentido, a herdeira deste propósito, já que agrupará os países do continente em uma entidade própria sem os Estados Unidos e o Canadá, a diferença do que ocorre na Organização de Estados Americanos (OEA).

Ainda que não se trate neste momento de fundar uma nação, a Comunidade que virá à luz é um passo a mais em um processo de integração que se acelerou nos anos recentes com uma forte ênfase na independência.

A criação desta entidade foi lembrada pelos governantes da região na cúpula de Praia del Carmen, México, em 23 de fevereiro de 2010, como uma continuação do Grupo do Rio e a da Cúpula da América Latina e do Caribe.

Com informações da Prensa Latina e do La Jornada