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Monti inicia consultas por novo governo que tire Itália da crise

O novo primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, começou a fazer consultas nesta segunda (14) com partidos e sindicatos para a formação de um novo governo italiano que convença os mercados e os sócios da UE (União Europeia) de que o país possui a capacidade para balancear suas contas públicas.

Segundo o jornal espanhol "El País", depois de o presidente Giorgio Napolitano lhe dar a tarefa no domingo de formar um novo Executivo composto principalmente por especialistas, Monti planeja tomar posse ainda nesta semana e se submeter a um voto de confiança no Parlamento.

Monti assume o governo um dia após Silvio Berlusconi ter oficializado sua renúncia. O posto foi deixado no sábado (12), após a Câmara dos Deputados aprovar por 380 votos a 260 o Orçamento de 2012, incluindo um pacote de austeridade acertado com a UE que era condição para a saída do agora ex-premiê.

O novo premiê não quis divulgar um calendário para a formação do governo e também não disse quem são os candidatos para compor seus ministérios, que Napolitano pediu para ser formado por especialistas. Segundo o "El País", o partido Liga do Norte é, inicialmente, o único que se opõe a um Executivo técnico.
Mario Monti reforçou o sentido de urgência para conter a crise e exortou a união das forças políticas no país
"Dou início a este trabalho com o compromisso de respeitar o Parlamento e todas as forças políticas", disse Monti em coletiva de imprensa logo após sua nomeação no domingo. "A Itália pode sair desta situação de emergência com base num esforço comum, e voltar a ser uma força dentro da União Europeia, e não uma fraqueza".

"A Itália deve voltar a cuidar de sua economia e iniciar um novo caminho ao crescimento. É algo que devemos a nossos filhos, a quem temos que dar um futuro concreto de dignidade e esperança", acrescentou.

Napolitano, falou logo em seguida, reiterando que "a urgência de lidar com a crise, da aprovação das medidas às escolhas que serão feitas de agora em diante, deve-se à necessidade de solucionar com maior rapidez este momento".

Reconquistar a dignidade, a Justiça social e o respeito dos investidores internacionais estão entre as prioridades do novo governo tecnocrata, disse Napolitano.

Perfil

Monti é formado pela renomada Universidade Bocconi e depois estudou em Yale, nos Estados Unidos. Chegou a lecionar na Universidade de Turim, tornou-se professor de economia política na Bocconi e foi nomeado para o cargo em Bruxelas por Berlusconi em 1994.

Serviu como chefe de competição da UE, supervisionando os inquéritos antitruste da Microsoft feita no início dos anos 2000, quando ganhou notoriedade e renome em Bruxelas.

Há dois anos foi encarregado da compilação de um relatório sobre o mercado único da EU, que pediu mais desregulamentação para estimular a competição e o crescimento econômico.

Renúncia

Cedendo às pressões que aumentaram seu isolamento nas últimas semanas, o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi apresentou no sábado sua renúncia ao presidente italiano, Giorgio Napolitano, dando fim a um período de 17 anos na liderança política do país e abrindo caminho para a contenção da crise econômica italiana.

A assinatura do pedido de renúncia, confirmada pela Presidência, chegou horas após a Câmara ter aprovado as medidas anticrise exigidas pela UE.

Sem um pronunciamento ao público, Berlusconi deixou a sede do governo italiano por uma saída lateral, evitando a multidão que comemorava em frente ao Palácio Quirinale.

Diante da crescente perda de popularidade e da ausência de apoio até mesmo de sua base governista, Berlusconi não teve outra alternativa senão anunciar, na terça-feira (8), que renunciaria ao cargo uma vez que a Lei de Estabilidade fosse aprovada pelo Congresso.

A lei contém as medidas exigidas para garantir a estabilidade financeira e reduzir a enorme dívida pública do país, que atualmente corresponde a 120% do PIB (€ 1,9 trilhão), através de uma economia de até € 59,8 bilhões até 2014.

Diante do anúncio, senadores e deputados decidiram agilizar a tramitação da medida durante a semana para garantir que o mandatário estivesse fora do comando do país antes de segunda-feira.

A diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, elogiou a aprovação da lei no Senado e disse que a indicação de um novo premiê é "um sinal de clareza e credibilidade da situação política" na Itália. Ainda na sexta-feira o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, disse que "o país precisa de reformas, não eleições".

Fonte: Folha