Líder do PCdoB defende na Câmara novo pacto nacional
A crise econômica mundial, que volta a se agravar, apesar de seus efeitos maléficos em todo o sistema capitalista, vai permitir aos países emergentes da periferia a elaboração de um novo pacto político capaz de realizar reformas democráticas estruturais no Brasil. A avaliação é do líder do PCdoB na Câmara, deputado Osmar Júnior (PI), que discursou no plenário da Câmara, nesta quinta-feira (29), destacando os efeitos da crise sobre os países emergentes, incluindo o Brasil.
Publicado 29/09/2011 15:10
O parlamentar destacou que a avaliação foi expressa em resolução do Comitê Central do PCdoB no último final de semana.
“A resolução de nossa Direção Nacional acredita que este novo pacto político será capaz de unificar as maiorias políticas e sociais da nação em torno de bandeiras unificadoras”, disse, defendendo o protagonismo do povo e dos trabalhadores, por meio de suas entidades autônomas, e a participação das forças progressistas da nação, em especial a esquerda, a impulsionar o governo na direção desse novo pacto político, capaz de realizar reformas democráticas estruturais.
Os comunistas, segundo seu líder na Câmara, também sugerem como medidas apropriadas para o enfrentamento da crise econômica internacional: a redução progressiva dos juros; a adoção de um câmbio competitivo e o aumento do investimento, do emprego e da distribuição de renda.
Taxas de juro
O líder comunista chamou atenção para a redução da taxa de juros, adotada pelo Copom, em 31 de agosto: “Uma decisão que contrariou as chamadas ‘expectativas do mercado’ e a concepção neoliberal”. Segundo avaliação dele e do seu partido, ao sincronizar a ação do Ministério da Fazenda e do Banco Central, o governo entrelaçou políticas fiscal e monetária com o objetivo de reduzir sequencialmente a taxa de juros. Ao mesmo tempo em que mantém a inflação sobre controle, defende metas de desenvolvimento e de geração de emprego.
“O governo Dilma assumiu o compromisso explícito de, até 2014, reduzir a taxa real de juros ao patamar internacional e eliminar a indexação da dívida pública”, disse, acrescentando que “essa última decisão choca-se com os círculos financeiros que, desde 1994, montaram um pacto tácito com os governantes da época trocando a estabilidade da moeda por juros estratosféricos e duradouros”.
“Foi este pacto que, por mais de uma década, infelicitou o país com estagnação e crises cambiais”, acusou o líder. Na opinião dele, a crise atual vai permitir a montagem de um novo pacto: entre o Estado brasileiro, os trabalhadores e o setor produtivo nacional.
Novas oportunidades
“Esse pacto, acreditamos, alicerçará o compromisso da presidente Dilma de conduzir o Brasil a um estágio mais avançado de seu desenvolvimento”.
Segundo Osmar Júnior, junto com as incertezas e riscos, a crise econômica também abre para o Brasil e outros países emergentes muitas oportunidades.
“Abre-se, assim, a oportunidade de escrevermos uma nova página da história de nosso país. Viveremos tempos duros, mas acreditamos que, sob o governo Dilma, e com o protagonismo do povo, seremos capazes de levar o Brasil a um porto seguro e próspero”, afirmou, destacando que “esta grande crise perdurará por muitos anos. Mas os seus resultados, bem como a distribuição de seus ônus permanecem incertos”.
De Brasília
Márcia Xavier