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Ode em Defesa do SUS, de Chico Monteiro

Em meio a discussão sobre mais recursos para a saúde, um poema do médico Chico Monteiro, do PCdoB do Ceará, que morreu no mês passado, apresenta “com seriedade e alto astral”, como ele mesmo disse, a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). O poema, escrito em agosto de 2007, durante o Seminário Nacional de Modalidade de Gestão do SUS, propõe “um SUS que funcione e atenda bem a usuários e a servidores”.

Sem querer entrar de sola,
preservando a fraternidade,
o interesse do público,
o debate, a união

com orgulho e satisfação,
venho aqui, em defesa do SUS,
democraticamente e com alto astral,
expressar opinião

no campo, na cidade,
no inverno, no verão,
o impacto do pacto
afeta qualquer estação

solidária e coletivamente,
queremos equidade,
vida melhor para todos
em nosso Brasil continente

porém, ao moldar o modelo,
tentam a transposição,
pintam o antigo como novo
trazem de volta a fundação

daí, as pessoas que trabalham,
terão duas condições:
umas serão estatutárias,
outras da consolidação

como ter carreira nacional
propiciar fixação profissional,
se num mesmo local de labuta
trataremos diferentes aos iguais?

afastamo-nos do principal
ao inverter o foco da questão
pouco se fala em financiamento,
só se fala em gestão

não que seja desimportante
para a consolidação do SUS
fazermos a discussão do tema,
procuramos a solução

não digo que não sirva,
que devamos descartar,
pode ser que seja o melhor
numa situação particular

como panacéia, contudo,
não vejo em tal modelo a solução.
falo agora, não sei ficar mudo,
continuemos o estudo, caro irmão

seja como for,
sem querer deixar como estar,
o povo só vai acreditar no SUS
quando quem nele trabalha, acreditar.