Representantes da CTB debatem questões de gênero em Livramento
O seminário “Educação, Equidade e Negociação Coletiva, Questão de Gênero também na Fronteira”, promovido pela Coordenadora de Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS) e realizado em Santana do Livramento e Rivera, terminou nesta quarta-feira (22). O evento comemorou também os 25 anos de criação da CCSCS.
Publicado 22/09/2011 14:09 | Editado 04/03/2020 17:10
A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) esteve representada no evento pela Presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio em Ijuí, Rosane Simon, por Ivanir Perroni, do Sindicomerciários de Caxias, Izane Mathos, pela CTB/RS e Jaqueline Diesmann do Sindicato dos Sapateiros de Campo Bom. Rosane Simon foi também uma das painelistas convidadas pela organização do seminário e abordou o tema “Violência contra a Mulher e Tráfico de Pessoas”.
O primeiro painel da manhã foi “Educação e Trabalho, questão de gênero”, com Rejane Silva da CUT. Rejane falou sobre o papel fundamental da educação e do investimento público no combate as desigualdades. Ela defendeu que para diminuir as diferenças e os preconceitos de classe, gênero, raça e orientação sexual, a sociedade deve ser transformada pela base e com investimentos públicos em saúde, educação e segurança, promovendo uma melhor distribuição de renda. “Fundamental também é estarmos unidos nesta luta, pois a divisão da sociedade só favorece o capital”, disse.
Em seguida Ana Aguilera da PIT-CNT e Maria Auxiliadora dos Santos da Força Sindical, falaram sobre o tema “Negociação Coletiva”. Ana Aguilera fez um histórico da evolução das cláusulas das convenções coletivas no Uruguai, lembrando que muitas das demandas contidas nestes contratos são também demandas presentes na sociedade como a o acesso a melhores serviços de saúde, melhores condições de trabalho, formação profissional e acesso a informação. “Mais recentemente, cláusulas de combate a violência de gênero também são negociadas, como o combate ao assédio sexual e moral e igualdade salarial”, explicou.
Maria Auxiliadora lembrou que a negociação para as mulheres começa em casa, com a divisão de tarefas com os filhos e o marido e lembrou que para a inclusão de cláusulas que combatam as desigualdades e as diferenças entre os gêneros no trabalho é preciso também que as mulheres assumam o movimento sindical. “Não temos nenhuma mulher presidindo uma central sindical no Brasil e poucas dirigem os sindicatos. As mulheres precisam assumir a luta sindical”, defendeu.
O último painel do dia foi “Violência contra a Mulher e Tráfico de Pessoas”. Além de Rosane Simon, o tema foi debatido também pela Secretária Executiva do Projeto INMUJERES Drª. Diana González. Sob o ângulo do tráfico de pessoas, Diana expôs as relações deste ato em que o traficado está em busca de dignidade e melhores condições de vida e o traficante, através da exploração e da violência física, moral e sexual, reduz o ser humano à uma posição de objeto e mercadoria impondo uma condição de escravidão. O tráfico de pessoas é o segundo mais lucrativo no mundo, ficando a frente do tráfico de drogas e atrás apenas do tráfico de armas. “O tráfico de pessoas se dá pela mobilidade do ser humano em busca de melhores condições de vida. Em outro país, distante de casa, esta pessoa se vê separada da rede de proteção que em seu país, a sua nacionalidade lhe garante através da cidadania, como a justiça, a língua e a família. Sem este amparo, é vítima do abuso de poder”, explicou Diana.
Diana defendeu que o tráfico de pessoas é uma questão de Direitos Humanos. Sendo a mobilidade garantida ao ser humano, os estados devem assegurar, através de legislação a imigração e garantir proteção, alojamento e alimentação.
Rosane Simon abriu o último painel da manhã falando sobre a violência contra a mulher. Citando o ineditismo do discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU da presidenta brasileira Dilma Rousseff, ela lembrou que por mais de 20 séculos as mulheres foram impedidas de ocupar fóruns de debate e ação. Dilma é a primeira mulher a realizar este discurso de abertura. Rosane lembrou também que a ascensão de governos progressistas na América Latina emancipam as mulheres na medida em que promovem ações inclusivas. Citou a importância das mulheres ocuparem os espaços institucionais em governos e entidades e de exigir que os governos criem espaços institucionais exclusivos para encaminhar políticas públicas contra a violência e contra as desigualdades de gênero. “Nós somos cobradas muito mais do que os homens pela sociedade. Precisamos sempre, a cada momento, provar a nossa capacidade. Nosso protagonismo será mais efetivo quanto maior a nossa participação nas instâncias de decisão. A sociedade nos deve estes 20 séculos em que ficamos sem espaço”, cobrou.
A tarde o evento seguiu com a composição de um documento conjunto das Centrais Sindicais contendo eixos da luta de gênero e do combate a violência contra a mulher que deverá ser entregue aos presidentes dos países da região, na próxima Cumbre do Mercosul.
Para o Vermelho,
Adriano Schröer