Centro Gramsci realiza conferência por uma “Europa dos povos"
O Centro Gramsci, organização política, cultural e educativa italiana, realizou no último fim de semana (17/18) a Conferência "Europa ontem, hoje e amanhã", sob o lema da luta pela construção de uma Frente Democrática pela Paz e o Progresso dos Povos.
Publicado 20/09/2011 10:44
A convenção contou com uma significativa participação, em particular dos operários da Fiat-Sata de Melfi e da empresa Cutolo de água mineral de Rionero in Vulture, região do sul da Itália onde transcorreu o evento. Todas essas empresas estão vivendo um importante momento de luta contra a perda de postos de trabalho, fenômeno que atinge outros tantos trabalhadores no país.
Foram feitas intervenções e informes profundos por intelectuais e dirigentes políticos sobre temas variados, principalmente questões ligadas ao panorama político e social na Europa, África, Ásia e América Latina.
Duras críticas foram dirigidas à União Europeia dos monopolistas e ao seu Banco Central, que tem imposto medidas que custam lágrimas e sangue dos trabalhadores e nações, reforçando a necessidade de lutar para construir uma Europa dos povos, do trabalho e da paz.
O caráter unitário das intervenções pôs em relevo a luta pela construção de uma frente democrática pela paz e o progresso.
Foi dado particular destaque ao exame das verdadeiras e reais causas da crise atual, com base na teoria marxista. A causa última de todas as crises é sempre a pobreza e a limitação do consumo das massas, conceito da teoria de Marx que foi enfatizado durante os debates.
Entre outras saudações, a convenção recebeu uma mensagem do diretor do Portal Vermelho, jornalista José Reinaldo Carvalho, que é também secretário nacional de Comunicação do Partido Comunista do Brasil. Reinaldo é colaborador do Centro Gramsci, cuja revista tem publicado artigos de sua autoria.
“Esta conferência se realiza quando o capitalismo está mergulhado numa das mais profundas crises da sua história. Crise estrutural, sistêmica e multidimensional: econômica, financeira, alimentar, energética e ambiental. Em momentos como este, tornam-se cada vez mais evidentes as inarredáveis contradições e limites históricos do capitalismo”, diz o jornalista brasileiro em sua mensagem.
José Reinaldo afirmou ainda que a situação na Europa é um dos exemplos mais eloquentes da crise e da decadência do capitalismo e das potências que ocupam posições dominantes no quadro deste sistema. “Os fenômenos presentes na situação econômica, social e política na Europa constituem uma ata de acusação ao capitalismo e o mais gritante exemplo de sua incapacidade para promover progresso e bem-estar para os povos”, asseverou.
Mais adiante, o diretor do Portal Vermelho mencionou os aspectos políticos e sociais da crise: “Os governos se alternam entre si, mas o que vemos é o predomínio de concepções conservadoras e ultraliberais, expressas em medidas antissociais e retrógradas que afetam a vida das grandes maiorias, notadamente dos trabalhadores. Conquistas sociais obtidas ao longo do século 20 por meio da luta dos povos são destruídas e dilapidam-se as riquezas nacionais para salvar bancos e assegurar os superlucros dos monopólios econômicos e financeiros. Trata-se de uma regressão de direitos e uma ofensiva antissocial sem precedentes, responsável pelo aumento da pobreza e das chagas sociais”.
As implicações geopolíticas também foram focadas na mensagem do Portal Vermelho: “A crise do capitalismo e a decadência das grandes potências intensificam um processo de importantes mudanças geopolíticas. Aprofundam-se as contradições interimperialistas e passam à ordem do dia as políticas militaristas e belicistas, em cuja execução tripudia-se sobre o direito internacional e as instituições multilaterais, sobretudo a Organização das Nações Unidas (ONU), cada vez mais instrumentalizada em função dos interesses imperialistas, mormente dos Estados Unidos e União Europeia. Esta política de força tem nos dias atuais a sua manifestação mais nítida na guerra criminosa que a Otan realiza na Líbia, com o beneplácito das demais potências que constituem o Conselho de Segurança da ONU”.
Reinaldo encerra sua mensagem destacando que o estado de coisas atual no mundo não pode nem deve continuar, sob o risco de que se estabeleça a barbárie. "Cabe aos povos, aos trabalhadores e às forças conscientes, organizadas e consequentes da esquerda resistir e lutar. Desejamos êxitos às forças que lutam por uma outra Europa, de paz, progresso, democracia e justiça social, uma Europa dos povos e não dos monopólios, Europa que assegure a convivência democrática entre os povos, não o militarismo e a guerra. Com a bandeira comunista de Marx, Lênin e Gramsci e a convicção de que o socialismo é o horizonte dos trabalhadores e dos povos, recebam um abraço fraterno com votos de sucesso na luta que todos vocês realizam na Itália e na Europa”, finalizou.
Da Redação, com informações do Centro Gramsci