Primeira Conclat é comparada a “big bang”: repercussão continua
Os 30 anos da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), comemorado em sessão solene na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (23), trouxe à Brasília antigos líderes sindicais que veem na luta de hoje repercussão daquele evento. Pedro Pozenato, metalúrgico de Caxias do Sul (RS), compara a primeira Conclat a um mini “big bang”. Os parlamentares, como Assis Melo (RS) e Daniel Almeida (BA), do PCdoB, também destacaram a atualidade das bandeiras de luta daquela época.
Publicado 23/08/2011 17:25
“Para nossa história recente do Brasil, a primeira Conclat representa um mini bing bang, continua repercutindo, os temas continuam atuais, como a defesa na Convenção 158 da OIT (que impede a demissão sem justa causa), a redução da jornada de trabalho, a participação dos trabalhadores na renda do país com aumento salarial e mais liberdade na organização nos locais de trabalho”, avalia Pozenato.
O deputado Assis Melo, também dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), que ciceroneou os colegas metalúrgicos de sua cidade natal, homenageou Pozenato, Werner Dihehl e José Freitas, de Porto Alegre, dizendo que “são pessoas em quem me inspirei para seguir a luta dos trabalhadores”.
O seguimento dessa luta, segundo o parlamentar, foi discutido no último encontro da Conclat, no ano passado, quando foi aprovado, com diálogo e vontade de avançar na luta dos trabalhadores, a unidade das seis centrais sindicais em torno da agenda dos trabalhadores focada no projeto nacional de desenvolvimento com soberania e valorização do trabalho.
“As bandeiras do Conclat ainda hoje permanecem atuais e necessárias a luta dos trabalhadores pela organização de um país democrático e soberano”, disse o parlamentar, citando como bandeiras de luta a redução da jornada de trabalho, a regulamentação do trabalho terceirizado e das Convenções 15 1 e 158 da OIT.
Novo “centrão”
Assis Melo destacou, em seu discurso, como alerta ao movimento sindical, que os trabalhadores têm sofrido derrotas na Comissão de Trabalho da Câmara. “Os trabalhadores têm sofrido derrotas que, para o momento atual, são inconcebíveis”, afirmou, enfatizando as palavras do deputado Daniel Almeida, de que foi instalado na Comissão do Trabalho, um “centrão" (movimento conservador que atuou durante a Assembleia Nacional Constituinte de 1988), que não deixa passar nada que represente avanço ou garantia de direito dos trabalhadores”.
Daniel Almeida, em seu discurso, destacou a motivação da juventude que participou da primeira Conclat, “inspirada e mobilizada por transformação, democracia e liberdade, com a convicção de que aos trabalhadores estava reservado papel relevante e de maior significado na vida política brasileira”.
Na avaliação do parlamentar, “a partir dessa organização, foi possível construir um novo espaço na política brasileira”. Ele também falou sobre os desafios de hoje, “da necessidade de unidade para dar salto adiante”, destacou .
Segundo Daniel Almeida, o terreno está preparado para colocar Brasil no patamar que é possível alcançar. “Os trabalhadores devem ser protagonistas sempre para desenvolver o Brasil, com distribuição de riqueza, mais democracia e defesa da nossa economia e indústria para combater os males do processo macroeconômico”, disse, acrescentando que “o esforço deve ser de valorização do trabalho e da produção e diminuição do espaço reservado para usura e ganância do sistema financeiro”.
O deputado Vicentinho (PT-SP), que sugeriu a sessão solene em homenagem aos 30 anos da Conclat, fez um histórico do evento, destacando que o evento representou o maior encontro sindical contemporâneo no Brasil. A importância foi histórica, considerando-se que o período de reorganização de forças aconteceu ainda sob a ditadura.
Mais de cinco mil delegados de mil entidades participaram em Praia Grande, litoral sul paulista, da 1ª Conclat. Foram três dias – de 21 a 23 de agosto de 1981 – de discussões que envolveram, pela primeira e única vez, todas as correntes de pensamento atuantes no sindicalismo.
De Brasília
Márcia Xavier