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Adelmo Andrade: Banco não tem coração.Tem cofre

Trabalhar em banco ou ser cliente é correr risco constante. Na Bahia, a situação se agrava a cada dia e as estatísticas confirmam. O Estado é o segundo no quadro de ocorrências – atrás apenas de São Paulo. Entre janeiro e julho, foram 70 casos de assaltos e explosões e 100 saidinhas bancárias. Os índices ultrapassam os de 2010, que teve 60 ocorrências.

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Por isso, é hora de o poder público tomar providências urgentes. A situação da polícia hoje é deprimente. Existem cidades com apenas três policiais e uma viatura precária. O armamento também deixa a desejar e está longe do ideal. É impossível enfrentar as quadrilhas bem aparelhadas com fuzis AR15, metralhadoras, granadas, escopetas e carros potentes. O Estado precisa de uma política eficiente e o governo federal deve dar uma atenção especial para a questão.

As agências bancárias não têm infraestrutura e os bancos investem quase nada em segurança, apenas o que obriga a lei nº 7.102, de junho de 1983. O Brasil necessita de normas contundentes, que obriguem as instituições financeiras a equiparem as unidades. A Polícia Federal deve aumentar a fiscalização e ser mais dura nas multas aplicadas aos bancos, que, por sinal, não são nada diante das altas cifras de lucratividade.

Os bancários também não podem ser esquecidos, afinal são eles os responsáveis pelo lucro recorde. Hoje, o funcionário de uma instituição financeira é o mais vulnerável à ação dos bandidos, servindo até de escudos humanos. Sem contar os que têm a família seqüestrada. O resultado é assustador. A categoria é a mais doente, com síndrome do pânico, sensação de impotência e até problemas mentais.

Por trás de tudo isso está à ganância. Os bancos substituíram o atendimento humanizado por máquinas e expulsam os clientes das agências, mandando para o banco postal e correspondente bancário. Estabelecimentos sem o mínimo de segurança. O movimento sindical e a população devem se unir antes que seja tarde. É hora de construir o Dia Nacional por Segurança Bancária.

* Adelmo de Assis Andrade é diretor de Imprensa e Comunicação do Sindicato dos Bancários da Bahia e funcionário do Santander