Mulheres são maioria da nova classe média
No Brasil, 31 milhões de pessoas ingressaram na classe média no período de 1999 a 2009, o que tornou esse segmento maioria da população. Desse total, 51% são mulheres entre 25 e 64 anos. É o que revela o estudo Classe Média em Números, divulgado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE) na segunda-feira (8/8).
Publicado 10/08/2011 10:30 | Editado 04/03/2020 16:19
O estudo realizado com base na última Pnad (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios), de 2009, considera como classe média pessoas com renda de R$ 1 mil a R$ 4 mil mensais e aponta que na atualidade 52% da população fazem parte desse segmento que representa um contingente de 95 milhões de pessoas, em sua maioria branca (52%) e morando nas regiões urbanas .
Segundo a pesquisa, a classe média é majoritariamente urbana (89%). O percentual da população desse segmento é maior em cidades de pequeno porte (45%), com menos de 100 mil habitantes, do que em regiões metropolitanas (32%) e em cidades de médio porte (23%).
Na distribuição entre as regiões do país, o estudo confirma que o maior percentual de classe média e de classe alta está na região Sudeste, 48% e 54% da população dessa região, respectivamente.
O levantamento revela que, embora os índices educacionais da classe média tenham avançado bastante nos últimos anos, seguem distantes dos da classe alta: ao passo que 87% dos brasileiros mais ricos concluem o ensino médio, apenas 59% da classe média alcançam o mesmo estágio.
O grupo também fica muito atrás quanto a anos de estudo e gastos com educação. Enquanto cada membro da classe média despende, em média, R$ 52 com educação por mês, entre os mais ricos, o gasto chega a R$ 220.
As disparidades entre os grupos populacionais quanto ao acesso à bens e serviços é gritante. Apenas 30% da classe média tem acesso à internet em casa, índice bem inferior ao da classe alta (72%). O telefone fixo está presente em 48% dos domicílios de classe média e em 81% dos lares mais ricos.
Há ainda diferenças significativas no acesso à saneamento adequado (76% na classe média, 92% na alta) e gastos com saúde (R$ 135 por mês por pessoa na classe média, R$ 438 na alta).
O consumidor classe média representa 46,24% do poder de compra da população brasileira, superando os 44,12% de poder de compra das classe alta.
O maior crescimento da classe média ocorreu nas regiões onde o segmento de classe baixa era predominante, como as regiões Norte e Nordeste.
No Nordeste, o percentual desse segmento é de 29 % e a população negra predomina entre os integrantes da classe média. Na Bahia, moram 28% do contingente de classe média do Nordeste.
A nova classe média no Nordeste é predominantemente jovem, feminina e composta por expressiva fatia de população negra . Em Salvador, 41% das pessoas que fazem parte dessa faixa da população são negros já em Brasília, representam 22%.
O crescimento da classe média no país resulta não apenas na necessidade de se analisar o impacto das demandas desse contingente na economia. Está posto o desafio da implementação de políticas públicas considerando as mudanças na população brasileira com a ampliação desse segmento.
De Salvador,
Julieta Palmeira