Centrais querem retirar pontos prejudiciais do Plano Brasil Maior
Nos próximos dias, as centrais sindicais farão um “pente-fino” nas propostas da nova política industrial (Plano Brasil Maior) que deverão ser encaminhadas nesta terça-feira (2) ao Congresso Nacional na forma de Medida Provisória (MP). O presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CTGB), Ubiraci Oliveira, defendeu a necessidade de se criar mecanismos para fortalecer a indústria nacional.
Publicado 02/08/2011 14:29
“Do jeito que a economia está sendo conduzida valoriza a política de incentivo às commodities, não gera renda nem emprego. Do jeito que a banda está tocando, o pau vai quebrar no Congresso Nacional”, disse Ubiraci Oliveira. Ele acrescentou que, feita a análise do teor da MP, os sindicalistas criarão uma agenda de mobilização nos estados e no Congresso para reverter os pontos que considerarem prejudiciais aos trabalhadores.
O presidente da CTGB ressaltou que, ao contrário do que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez em 2008 na crise financeira mundial, chamando os trabalhadores para discutir medidas de ajuste da economia, a presidente Dilma Rousseff excluiu as centrais sindicais das negociações dessa nova política. “Ao todo, 58 mil pessoas, destas 55 mil em São Paulo, já foram colocadas para fora do mercado de trabalho (desde o início dessa crise econômica internacional)”, destacou Oliveira.
Tema caro
Para representantes da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Força Sindical, por exemplo, a simples desoneração na folha de pagamentos com foco na Previdência Social não se sustenta. O representante da CUT nacional, Claudir Nespolo, destacou que não adianta o Tesouro Nacional assumir uma parte dos 20% da contribuição, uma vez que “mexer com a Previdência Social é um tema caro para as centrais sindicais”.
Ele também posicionou-se contrário à política econômica de aumento das taxas de juros para o controle da inflação, “o que atende à pressão do mercado financeiro”. Ele qualificou os investidores desse setor como “amigos da onça”, uma vez que aplicam dinheiro na bolsa de valores brasileira e, quando obtêm os lucros esperados, repatriam esse capital. “Ficar refém do mercado não dá sustentabilidade, essas pessoas não produzem um prego sequer”, acrescentou Nespolo.
O representante da CUT nacional disse ainda que nas conversas com setores do governo foram apresentadas contribuições para o fortalecimento da indústria nacional como políticas de isenções ao empresariado e redução de tributos, por exemplo. Assim, as empresas poderão investir na qualificação profissional dos trabalhadores. “É preciso gerar emprego com qualidade. Temos que tirar o Brasil do trabalho precário, informal, que continua sendo uma realidade do mercado nacional.”
Duas reclamações
Nivaldo Santana, vice-presidente da CTB, declarou que as centrais registraram duas reclamações básicas. “A primeira grande reclamação é que não houve um debate e sim uma comunicação aos 40 minutos do 2º tempo, isso não é debate de propostas, é uma comunicação, sem debate, sem ouvir o movimento sindical”, diz Nivaldo.
A segunda grande reclamação dos sindicalistas é que o plano prevê alterar a folha de pagamento das indústrias mexendo no recolhimento da Previdência Social. Nivaldo ainda acrescenta: “A desoneração da folha não ficou muita clara, e precisamos saber em detalhe o que o plano proposto pelo governo pode alterar no caixa da Previdência e se isso vai criar uma defasagem para o trabalhador lá na frente”.
Tadeu Moraes, da Executiva Nacional da Força Sindical, ressaltou o interesse dos trabalhadores e empresários em fortalecer a indústria nacional. Mas, para ele, a política de desoneração da folha com base na contribuição previdenciária “acaba com os trabalhadores”. Moraes colocou em questão, por exemplo, a capacidade de o Tesouro Nacional bancar o compromisso de assumir a parte que será desonerada.
De Brasília
Com Agência Brasil