Diagnóstico precoce é aliado no combate às Hepatites Virais
No Dia Mundial de Combate às Hepatites Virais, lembrado nesta quinta-feira (28), a OMS chama a atenção das autoridades e nações para a importância do diagnóstico precoce dessa epidemia silenciosa. Na maioria dos casos, os sintomas não aparecem e, quando ocorrem, pode ser um sinal de que a doença está na fase crônica. Os mais comuns são cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômito, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Publicado 28/07/2011 10:09
“A pessoa não se reconhece doente. Por ser uma doença silenciosa, o diagnóstico é muito difícil”, disse o presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, Raymundo Paraná. O médico alerta que o consumo de álcool e a obesidade contribuem para evolução mais rápida da doença.
Estima-se que existam cinco milhões de brasileiros infectados pelos vírus B e C da hepatite, segundo as entidades da sociedade civil. Mais de 90% desconhecem ter a doença. De 1999 a 2009, foram confirmados mais de 284 mil casos dos cinco tipos de hepatite (A,B,C,D e E) no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. No mesmo período, 20.073 mortes foram registradas, sendo 70% delas devido à hepatite C, a mais agressiva. No país, as mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C.
Sem saber da doença, aumenta o risco de a inflamação no fígado agravar-se e provocar danos mais graves à saúde, como cirrose ou câncer. Humberto Silva, presidente da Associação Brasileira dos Portadores de Hepatite, defende que os médicos criem o hábito de pedir o teste para identificar a doença precocemente. O exame pode ser feito por meio da coleta de sangue ou biópsia do fígado. “É preciso que alguém interrompa o ciclo da hepatite. Não se pode esperar que a pessoa descubra sozinha”, disse.
O tratamento está disponível na rede pública de saúde, pode ter duração de seis meses a um ano, dependendo do tipo de hepatite. Podem ocorrer efeitos colaterais, como dores musculares e queda de cabelo, mas a taxa de abandono da terapia é baixa. Os medicamentos mais usados são o Interferon (injeção subcutânea) e a Ribavirina (comprimidos). Na rede privada, o tratamento pode chegar a R$ 50 mil.
Existem vacinas contra as hepatites A e B, disponíveis em centros de referência imunobiológica e nos postos de saúde, respectivamente. A hepatite C não tem vacina, mas pode ser curada.
Transmissão das hepatites virais
- Hepatites A e E: a transmissão ocorre por meio do contato com indivíduo, água ou alimento contaminado com o vírus. Está relacionada à falta de higiene e de saneamento básico.
- Hepatites B e C: transmitidas por relação sexual desprotegida, da mãe para o filho durante o parto, pelo uso compartilhado de seringas, lâminas de barbear, alicates de unhas e objetos cortantes, assim como os usados em tatuagem e piercing, e por transfusão de sangue infectado. No caso da C, a infecção pelo sexo sem camisinha é mais rara.
- Hepatite D: ocorre em quem tem o vírus da hepatite B. A transmissão é semelhante à do tipo B.
Diagnóstico rápido
Para agilizar o diagnóstico das hepatites virais, a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro fará nesta quinta (28), testes rápidos para detectar os tipos B e C do vírus. A Prefeitura espera realizar cerca de 4,8 mil testes entre hoje e amanhã (29), das 9 às 15 horas, em cinco centros de Testagem e Aconselhamento e em mais 29 unidades de saúde no município.
O diagnóstico deve sair em 30 minutos. Antes o resultado demorava entre 30 e 90 dias para chegar ao paciente. Nas unidades, haverá também uma programação especial para divulgar informações sobre a doença, que inclui com palestras, exibição de vídeos, distribuição de material educativo e de preservativos.
Antes e depois do teste, os pacientes são aconselhados, como já é feito no caso de exames de HIV. Quem recebe resultado positivo é encaminhado para uma unidade de saúde, onde passa por um novo teste para confirmá-lo. Quando esse resultado é novamente positivo, o paciente é encaminhado para o tratamento.
A gerente do Programa de Hepatites Virais da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil, Guida Silva, disse que a Prefeitura está preparada para o tratamento de novos casos, mesmo que haja uma grande demanda.
“Há mais ou menos dois anos, iniciamos a implantação dos polos de atendimento e tratamento das hepatites virais no município do Rio. Os médicos gastroenterologistas, infectologistas e hepatologistas foram capacitados, assim como as equipes multidisciplinares formadas por psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais que trabalham com os médicos”, destacou, ao acrescentar que foram implantados polos de atendimento em 12 policlínicas, cobrindo todas as dez áreas do município.
Guida ressaltou que a hepatite é uma doença silenciosa, já que os sintomas, como insuficiência hepática, hepatocarcinoma (câncer de fígado) e cirrose, demoram cerca de 20 anos para aparecer.
Fonte: Agência Brasil