Violência no Araguaia: querem apagar a história

A Pública – Agência de Jornalismo Investigativo produziu uma série de reportagens sobre a Guerrilha do Araguaia, focando no impacto da repressão militar na vida dos camponeses da região. As matérias são baseadas em depoimentos de camponeses e ex-soldados que compõem os 149 volumes do processo judicial que investiga do desaparecimento dos guerrilheiros e também em entrevistas inéditas.

Por Juliana Sada – no Blog "O Escrevinhador" de Rodrigo Vianna

Nos relatos, episódios de terror e violência extrema. Muitas camponeses tiveram sua vida desestruturada e foram obrigados a prestar serviços ao Exército, não apenas denunciando mas também buscando e executando os “paulistas”, como os guerrilheiros eram chamados pelos camponeses. Muitos que não colaboravam foram presos, torturados e executados. Com as prisões em massa e falta de celas, os camponeses eram colocados em buracos abertos nos terrenos das prisões.

De lá, os camponeses eram retirados para “dançar” sobre latas abertas ou tições de fogo, forçados a beber água com sal ou sabão quando tinham sede, humilhados e espancados em rodas de “taca”(surra). Os que se prontificavam a colaborar, denunciando ou mesmo prendendo os guerrilheiros, recebiam 1.000 cruzeiros por captura.

Sobre a caça aos guerrilheiros, há relatos que indicam que muitos foram decapitados, seus corpos ficaram abandonados na mata e suas cabeças eram exibidas à população. No vídeo, Sinésio Martins, camponês que foi preso e forçado a servir ao Exército, conta como foi enviado à mata para trazer o “bico de papagaio”, expressão para cabeça, de guerrilheiros.

Operação Limpeza

Depoimentos revelam também que em 79, já após o fim da guerrilha e da retira oficial das tropas militares, o Exército conduziu uma operação para dificultar uma possível busca de corpos. Muitas ossadas foram desenterradas e levadas para outros locais ou submetidas a ácidos ou queimadas, e os restos jogados em distintos locais. Os oficiais envolvidos trabalhavam à paisana e se apresentavam como “doutores”. Relatos dão conta que dessa operação participaram o Major Curió, que comandou a operação no Araguaia, e Romeu Tuma, que na época trabalha no Dops.

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