Otan ataca hotel enquanto governo líbio faz oferta de paz
Representantes do governo e da oposição líbia reuniram-se nesta quinta (16) para debater a crise, revelou Mijail Marguelov, diplomata enviado ao país pelo presidente russo Dmitri Medvedev. Paralelamente, os amotinados e autoridades norte-americanas declararam que não vão aceitar o pleito eleitoral proposto pelo filho do líder líbio, Saif al-Islam Kadafi.
Publicado 16/06/2011 20:47
Marguelov informou que as autoridades de Trípoli admitiram estar em “contato direto” com o Conselho Nacional de Transição (CNT), que reúne a oposição contra o líder líbio Muamar Kadafi.
O russo permaneceu várias horas na capital líbia, em diálogo com o primeiro-ministro Baghdadi Al-Mahmoudi, e o titular de assuntos exteriores, Abdel Ati Al-Obeidi, para articular uma mediação do Kremlin no sentido de estabelecer um pacto de cessar-fogo e novas negociações com os rebeldes.
Segundo o russo, “o primeiro-ministro declarou que a última rodada de negociação havia ocorrido em Paris na quarta (15)”, com o conhecimento do presidente francês, Nicolás Sarkozy, ainda segundo o diplomata.
Tanto Marguelov quanto Al-Mahmoudi concordam que o diálogo com o governo líbio não inclui discussão sobre a saída de Kadafi do poder. “Esta é uma fronteira inviolável”, explicou o chefe de gabinete ao rechaçar as pressões e condições impostas pelo Ocidente à Líbia.
O enviado russo esteve em Benghazi na semana passada, reunido com líderes do CNT, e declarou, antes de chegar a Trípoli, que a oposição líbia não deseja a morte de Kadafi.
A televisão líbia registrou a estada do enviado russo e o seu testemunho aos bombardeios aéreos da Otan, que atingiram, em 44 missões de ataque, 13 locais supostamente militares.
Correspondentes estrangeiros afirmam que um dos locais destruídos foi o Hotel Wanzirik, situado no centro da capital, próximo ao complexo de Bab al-Aziziya – local onde Kadafi costumava residir – e atingiram pelo menos 12 civis.
Por outro lado, a imprensa local reproduziu trechos de uma entrevista concedida por Saif al-Islam Kadafi a um jornal italiano, na qual o filho do líder líbio assegurou que o governo aceitaria eleições em um prazo de três meses ou até o final de 2011.
Saif expressou a convicção de que seu pai seria vitorioso em qualquer votação porque “é muito popular no país”. Propôs ainda que essa hipotética consulta às urnas fosse monitorada por autoridades internacionais a fim de acabar com os confrontos armados.
"A União Européia, a União Africana, as Nações Unidas ou mesmo a Otan podem fiscalizar o processo de votação”, concluiu Saif, que defendeu ainda uma nova Constituição e garantias de independência aos meios de comunicação.
Em declaração à Al-Jazira, após tomarem conhecimento da entrevista, os amotinados e autoridades norte-americanas declararam que não vão aceitar o pleito eleitoral proposto por Saif.
Fonte: Prensa Latina