Ban Ki-moon evita apoiar Brasil no Conselho de Segurança
Na sua primeira manifestação pública nesta quinta-feira (16), no Brasil, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, de 66 anos, defendeu a reforma no Conselho de Segurança, ampliando seu formato.
Publicado 16/06/2011 20:26
Ban Ki-moon disse que a atual estrutura do órgão – formada por 15 integrantes – não reflete as mudanças estruturais dos últimos 65 anos. Mas, após elogiar a atuação do Brasil no cenário internacional, ele evitou apoiar a candidatura brasileira a um assento permanente no órgão.
Ban Ki-moon optou por um discurso genérico em que afirmou ser necessário compor o órgão de forma mais “representativa e pluralista”. O secretário-geral elogiou o desempenho do governo brasileiro em iniciativas de defesa da paz, da segurança e de combate à fome no mundo. Segundo ele, os países latino-americanos desempenham “cada vez mais” um papel “mais forte nas relações multilaterais”.
“É necessário acelerar as negociações. É certo que o Brasil pode contribuir ainda mais”, afirmou o secretário-geral da ONU, depois de almoço, no Palácio Itamaraty, no qual estavam presentes os ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores), Nelson Jobim (Defesa), Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente), além do presidente da Comissão de Relações Exteriores no Senado, Fernando Collor de Mello (PTB-AL).
Ban Ki-moon fica até esta sexta-feira (17) em Brasília, na que é a terceira visita ao Brasil e a segunda à capital do país.
A visita do secretário-geral ao Brasil é a última etapa de uma série à América do Sul, por onde ele passou pela Colômbia, Bolívia, Argentina e pelo Uruguai. Na Argentina, devido à nuvem de cinzas do Vulcão Puyehue, que toma conta de parte do país, viajou de ônibus do interior até a capital, Buenos Aires. No Uruguai, ele viajou de barco.
Em campanha pela reeleição como secretário-geral, Ban Ki-moon está à frente das Nações Unidas há quatro anos. O mandato é de cinco anos. Se reeleito, o coreano ficará no cargo até o final de 2016. Ele é o oitavo secretário-geral da ONU.
Sob a liderança de Ban, a ONU fechou os olhos diante das repetidas agressões israelenses contra os palestinos, marcadas pelo bloqueio da Faixa de Gaza, o extermínio de sua população, a continuidade na construção do chamado Muro da Vergonha e das construções nas colônias ilegais israelenses dentro de território palestino.
Permanecem sem castigo os militares que assassinaram 13 ativistas da Flotilha da Liberdade, uma missão humanitária que pretendia levar aos palestinos de Gaza equipamentos e remédios. Ao mesmo tempo, Ban "lamenta" e "condena" a "visão deturpada" de um relatório feito pela própria organização denunciando os crimes de guerra cometidos por Israel contra os palestinos.
Sob a administração Ban, recrudesce a ocupação militar do Afeganistão, com o envio de mais 30 mil soldados ao país pelos Estados Unidos. O Iraque permaneceu sob ocupação americana e a promessa de retirada das tropas do país esboroou-se, com a presença de 50 mil militares americanos.
Além dessas ocupações, o secretário-geral das Nações Unidas chancelou o bombardeio da Líbia pela Otan, sob o pretexto de "proteção de civis", ao mesmo tempo que outros civis no mundo árabe eram assassinados pelas forças de repressão de seus governos ditatoriais, como no Iêmen e no Barein. A repressão aos protestos no Iêmen e no Barein foi apenas "lamentada" e "condenada" pelo secretário-geral das Nações Unidas.
Além disso, as forças reacionárias presentes na ONU também conseguiram empurrar para os fundos das gavetas a reforma do Conselho de Segurança, que permanece idêntico ao criado na fundação da entidade. A reforma é veladamente combatida pelos Estados Unidos e seus aliados, enquanto Ban continua apenas reverberando os ditames do imperialismo, como na pressão que exerce contra o programa nuclear iraniano.
Ban, mais uma vez "lamentando" e "condenando" as supostas violências contra os Direitos Humanos, aceita e aplica sanções contra países como Belarus, Síria e Coreia do Norte, enquanto governos de nações notadamente repressoras desses direitos, como a Arábia Saudita, seguem incólumes e livres de pressão.
Com agências