Assassinatos na Amazônia: governo convoca reunião de emergência
O governo decidiu reagir dura e imediatamente à onda de assassinatos de agricultores e lideranças do movimento rural em assentamentos da reforma agrária, na Amazônia. Após quatro mortes na semana passada — três no Pará e uma em Rondônia —, o Palácio do Planalto convocou reunião nesta segunda-feira, com a presença de quatro ministros, para definir como enfrentará o problema.
Publicado 30/05/2011 12:54
Esse gabinete de crise contra a violência no campo vai atacar especialmente a impunidade. Para o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, o primeiro passo é evitar a impunidade, garantindo que sejam presos não só os assassinos — mas também os eventuais mandantes dos crimes. Além de Carvalho, participam da reunião os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário) e Maria do Rosário (Secretaria de Direitos Humanos).
Outra preocupação do governo é proteger assentados e lideranças que estejam sob ameaça de morte por sua atuação contra o desmatamento e a extração ilegal de madeira. “A primeira providência é contra a impunidade: tem que prender todo mundo que fez isso. Agir com muita força para deixar claro que não tem impunidade. E chegar aos mandantes”, afirmou Carvalho.
Ele lembrou que a Comissão Pastoral da Terra divulgou lista com o nome de pessoas marcadas para morrer. Daí a preocupação em garantir a segurança no campo e evitar novos assassinatos.
Dos quatro mortos na semana passada, três recebiam ameaças constantemente: o casal de ambientalistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, do projeto agroextrativista Praialta-Piranheira, em Nova Ipixuna (PA), e o agricultor Adelino Ramos, presidente do Movimento Camponeses Corumbiara, em Vista Alegre do Abunã (RO).
José Claudio teve uma orelha arrancada e levada pelos assassinos. A Polícia Federal — que investigava o homicídio do casal em Nova Ipixuna desde terça-feira — reforçará sua atuação na região.
Suspeito
Já Adelino Ramos, membro da direção estadual do PCdoB-SO e do secretariado da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) em Rondônia, foi assassinado com seis tiros por um motociclista enquanto vendia frutas e verduras numa feira. A Polícia Civil apontou o agricultor Ozeas Vicente Machado, de 38 anos, como o principal suspeito pelo assassinato do líder rural, sobreviventes do massacre de Corumbiara e conhecido por denunciar madeireiros que atuam ilegalmente na região Norte. Adelino, de 57 anos, foi enterrado neste domingo.
Segundo a polícia, Adelino e Machado teriam sido vistos pelo menos duas vezes discutindo por conta das denúncias que o agricultor fazia contra madeireiros da região. Os investigadores descobriram ainda que Machado tinha ligações com donos de empresas extrativistas de Rondônia e do Amazonas, e suspeitam que tenha sido um crime encomendado. Por esse motivo, decidiram investigar também alguns empresários do ramo madeireiro.
Para tentar prender Machado e evitar que outros envolvidos fujam do estado, a Secretaria de Segurança Pública de Rondônia deslocou policias para as principais rota de saída do estado e acionou as polícias de Amazonas, Acre e Mato Grosso. Segundo o secretário de Segurança, Marcelo Bessa, a foto de Machado foi divulgada na região e enviada aos estados vizinhos.
Da Redação, com agências