Pascual Serrano: “O 15 de Maio é um sintoma, não uma alternativa”
“O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) não vai fazer nada depois do descalabro das eleições do último domingo (22). Tentará lançar outro candidato com o qual volte a enganar a população dizendo que é socialista e operário”, comentou para Cubadebate o jornalista e ensaísta espanhol Pascual Serrano.
Publicado 24/05/2011 05:11
Entrevistado na segunda-feira (23) via Skype, o autor de Desinformación. Cómo los medios ocultan el mundo (2009) criticou o modelo de governo na Espanha, que comparou a tocar violino: “chegar ao poder tocando com a mão esquerda e depois governar com a mão direita”.
Acrescentou que o PSOE tenta recuperar o discurso da esquerda, “com a esperança de que as pessoas se esqueçam o que fez José Luis Rodríguez Zapatero, como antes esqueceu o que tinha feito Felipe González”, e afirmou que o movimiento do 15 de Maio “é simplesmente um sintoma, mas não é ainda uma alternativa nem uma proposta de solução”.
O movimento 15-M, como ficaram conhecidas as manifestações que desde o dia 15 de maio levou às ruas milhares de pessoas em mais de 60 cidades espanholas sob o lema “Democracia real já”, é, em sua opinião, “o sintoma de que o modelo ‘democrático’ espanhol não é democrático; de que a institucionalidade não está funcionando; de que a lei eleitoral é injusta e de que os partidos políticos quando ganham – e me refiro aos dois que podem ganhar- , sempre aplicam a mesma política contra a vontade dos cidadãos”.
Segundo Pascual, “não se cumpre nem a chamada democracia participativa, nem muito menos a democracia real: não se cumpre o direito universal ao trabalho, à habitação, à saúde… Nossa situação tem muito paralelismo com a Tunísia e o Egito, salvo que a policía aqui não ataca as pessoas, porque não se preocupa muito com que elas montem suas barracas em uma praça”.
Serrano declara que está um pouco mais otimista frente ao papel das redes sociais nas mobilizações da esquerda espanhola: “Pela primeira vez a convocação da rede se materializo unas ruas. Isso é para mim um salto de qualidade fundamental… As pessoas saíram às ruas. As redes sociais existem e são importantes, mas não são nada se as pessoas não se mobilizam.”
Fonte: Cubadebate