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Chávez chega ao Brasil na terça para estreitar relações

A visita do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na próxima terça-feira (10) será cercada de formalidades. Ele é o primeiro chefe de Estado latino-americano a vir ao Brasil depois que a presidenta Dilma Rousseff assumiu o governo. O objetivo é reafirmar que as relações bilaterais, intensificadas no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, serão mantidas da mesma forma, segundo a assessoria da Presidência da República.

Nas conversas, um dos temas de destaque será a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que recebeu este nome em homenagem ao brasileiro que lutou ao lado de Simón Bolívar para a libertação da Venezuela. A Petrobras cobrou da estatal venezuelana PDVSA o repasse de cerca de R$ 400 milhões para a conclusão das obras. De acordo com o governo brasileiro, apenas a Petrobras investiu na refinaria.

Dilma e Chávez farão ainda uma longa reunião de trabalho para analisar a evolução dos acordos firmados anteriormente e as pendências. A ideia é intensificar as parcerias nas áreas comercial e de energia, considerando que a Venezuela vive uma longa fase de racionamento. Apenas no ano passado, o intercâmbio comercial entre Brasil e Venezuela envolveu US$ 4,6 bilhões.

Na sexta-feira (6) empresários dos dois países se reuniram para discutir sobre vários setores, como agronegócios, alimentos, bebidas, construção civil, produtos de higiene pessoal e artigos para o lar, além de ferro, minerais, alumínio e autopeças. Só nos primeiros meses deste ano as negociações já superaram US$ 1 bilhão – sendo que em março as exportações brasileiras somaram US$ 822,7 milhões.

Os empresários e representantes dos governos prepararam os termos para a cooperação no desenvolvimento da indústria venezuelana e as definições referentes às exigências sanitárias para as exportações de carnes à Venezuela. Os venezuelanos compram do Brasil principalmente carne, frango desossado e alimentos.

Chávez e Dilma se encontraram pela última vez em 1º de janeiro deste ano, quando o venezuelano participou da cerimônia de posse da presidenta em Brasília. Antes, no entanto, quando saíram os resultados das eleições presidenciais, o venezuelano foi um dos primeiros líderes políticos a parabenizar Dilma.

Depois do resultado das eleições, confirmando a vitória de Dilma, Chávez postou uma mensagem na rede social do Twitter destacando a competência da presidenta e sua confiança no novo governo. Segundo ele, Dilma era a “sua candidata”.

Reforma da ONU

Dilma e Chávez deverão assinar um comunicado conjunto em Brasília. O documento deverá conter o apelo para a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e o apoio venezuelano ao pleito brasileiro, que é o de ocupar um assento permanente no órgão em nome da América Latina.

Nas reuniões preliminares de assessores de Chávez com autoridades brasileiras houve sinalizações do apoio ao Brasil. O presidente da Venezuela será o terceiro chefe de Estado que indicará apoio à reforma do conselho, como defende o Brasil.

Em março, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse ser favorável à reforma e ao desejo do Brasil de ocupar um lugar permanente no conselho, mas evitou ser explícito neste apoio. No mês passado, foi a vez de o presidente da China, Hu Jintao, afirmar que é o momento de discutir mudanças no conselho.

No último dia 5, o presidente da Alemanha, Christian Wulff, afirmou que, assim como os brasileiros, os alemães também querem rever a estrutura atual do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Para ele, é fundamental buscar um acordo regional para obter avanços nestas negociações. Recentemente, Dilma disse que “não é capricho” querer a reforma.

A atual estrutura do conselho segue o modelo que existia no mundo depois da 2ª Guerra Mundial – ocupam vagas permanentes no órgão os Estados Unidos, a Rússia, a China, a França e a Inglaterra.

Os assentos provisórios são ocupados pelo Brasil, Japão, México, Líbano, Gabão, pela Turquia, Bósnia-Herzegovina, Nigéria, Áustria e Uganda. O período do mandato nos assentos rotativos é de dois anos.

As autoridades brasileiras defendem ampliar o número de cadeiras no conselho de 15 – cinco permanentes e dez provisórias – para 25, entre as quais o Brasil se coloca como candidato a titular.

Fonte: Agência Brasil