Deputados anunciam luta pela redução da jornada de trabalho
“O PCdoB lutará de forma brava pela redução da jornada de trabalho junto com os demais parlamentares”, anunciou o deputado João Ananias (PCdoB-CE) na sessão solene em homenagem ao Dia do Trabalhador, realizada nesta terça-feira (3) na Câmara dos Deputados. “Precisamos mover isso dentro do Parlamento, para que possamos garantir uma vantagem, um benefício a mais a essa classe trabalhadora que construiu e que constrói este País”, disse Ananias.
Publicado 03/05/2011 14:26
Na sessão, solicitada pelos deputados Vicentinho (PT-SP) e Chico Alencar (PSOL-RJ), foram destacadas todas as dificuldades por que passa a classe trabalhadora. Para Vicentinho, “a maior homenagem que nós deveríamos prestar aos trabalhadores neste dia 1º de Maio é aprovar projetos de interesse do nosso povo trabalhador”, disse, engrossando o coro a favor da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais.
Ele lembrou que foi a luta pela redução da jornada de trabalho que deu origem às comemorações do Dia do Trabalhador. “Eles queriam trabalhar 48 horas semanais, pois trabalhavam 60 horas. A redução veio acontecendo no mundo como também no Brasil como resultado de muitas lutas”.
E solicitou ao Presidente (da Câmara) Marco Maia (PT-RS) “que coloque em pauta para que possamos votar esse projeto de extrema importância que, se aprovado, nós geraremos até 2,5 milhões de empregos no Brasil. Mas não somente isso, também geraremos neste País mais dignidade ao trabalhador”.
Ananias enfatizou que essa é uma luta de classes e que deve ser considerada de grande importância. “Quando comparamos o mundo do trabalho com o capital, vemos disparidades gigantescas no nosso Brasil. Apesar dos indiscutíveis avanços que tivemos a partir do Governo Lula, o sistema capitalista não deixa que eles se prolonguem por muito tempo ou busca castrar o resgate histórico que nós, as forças progressistas, queremos fazer neste País”.
Contra trabalho escravo
Vicentinho também cobrou a aprovação da PEC do Trabalho Escravo. Ele justificou a necessidade da nova lei lembrando que “infelizmente no nosso País ainda existe a maldita exploração da mão de obra escrava, desde o centro de São Paulo até os rincões do nosso País nos interiores, sobretudo, na produção de carvão, na produção da braquiária ou mesmo na produção da cana-de-açúcar”.
“A PEC que se for aprovada vai mexer com o bolso desses criminosos exploradores tomando-lhe a terra de acordo com a lei para dar a quem não tem, em primeiro lugar, aos trabalhadores escravizados para morarem e viverem com dignidade”, explicou o parlamentar.
E citou outra matéria pendente na Câmara: o projeto que regulamenta a terceirização. Na terceirização, explicou o deputado, a responsabilidade não é direta de quem contratou. “Os gatos, entre aspas, fazem o que querem com o trabalhador terceirizado, humilhando esses companheiros no serviço público e no serviço privado, que têm um salário em média 50% a menos na mesma profissão e na mesma função”.
O dia é do trabalhador
Vicentinho também destacou, em seu discurso, que é autor de um projeto de lei que muda o nome do dia que no Brasil é chamado Dia do Trabalho. “Essa história de dia do trabalho foi uma influência dos americanos, que até hoje não comemoram esse dia porque foi lá, em 1886, que os operários foram presos porque fizeram uma greve pelas 48 horas semanais e por melhores condições de trabalho”, explicou.
E acrescentou que: “Os Estados Unidos influenciaram muitos países, inclusive o Brasil, para não colocar o nome correto desse dia. O projeto de minha autoria tramitando desde 2005, propõe a mudança, por causa dessa importância estratégica, e, por que não dizer, ideológica. É o dia da nossa classe, é o dia da classe trabalhadora”.
“Uma terra sem amos”
Ao deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) coube um discurso mais poético. Lembrando um dos cinco grevistas que foram condenados a morte pela forca no episódio de 1886 em Chicago, que deu origem as comemorações do Dia do Trabalhador, o parlamentar contou que ele preferiu se suicidar na véspera para que seus algozes da burguesia não pudessem se comprazer em tirar-lhe a vida.
E reproduziu as palavras deixadas por ele no seu bilhete de despedida: “Adeus, mas o nosso silêncio será muito mais potente do que as vozes que vocês estrangulam”, acrescentando que “esta sessão se reveste dessa dimensão histórica e quase mística da persistência, da insistência, da teimosia em fazer os interesses da classe trabalhadora ecoarem por todos os cantos da terra, inclusive, neste Parlamento, onde há tantos representantes do grande capital e tão poucos dos setores mais marginalizados ou menos possibilitados de justiça e direitos”.
E encerrou seu discurso, lendo, e até cantando, estrofes e o refrão de A Internacional – “este hino que unifica a classe trabalhadora no mundo inteiro”:
“Senhores, patrões, chefes supremos,
Nada esperemos de nenhum!
Sejamos nós quem conquistemos
A terra livre, mãe comum!
Para não ter protestos vãos,
Para sair deste antro estreito,
Façamos nós com nossas mãos
Tudo o que a nós nos diz respeito!
[Refrão]
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos,
A Internacional”.
De Brasília
Márcia Xavier