Sem categoria

Cuba critica quebra de compromissos com o Haiti

Cuba criticou nesta quarta (6) a quebra dos compromissos da comunidade internacional para a reconstrução do Haiti e reiterou sua disposição para trabalhar com todo país ou organização pelo desenvolvimento do sistema de saúde dessa nação.

O chanceler cubano Bruno Rodríguez, em uma sessão especial do Conselho de Segurança dedicada a esse tema, disse que o dinheiro prometido para a assistência financeira e material ainda não foi entregue, como também não se respeitou a vontade do governo haitiano, nem se prestou atenção às suas prioridades.

"A reconstrução do Haiti, com a que todos nos comprometemos, é uma tarefa pendente", afirmou o chanceler. O ministro recordou que, há um ano, mais de 150 governos e outros atores internacionais prometeram empregar US$ 9 bilhões nesse objetivo. Desse montante, se entregaria US$ 5 bilhões nos primeiros dois anos.

"Mas o ocorrido desde então não tem sido consistente com o espírito que primou naquela conferência e muitos dos autoproclamados principais doadores continuam dedicando exorbitantes recursos à guerra e à intervenção militar", disse.

"Não se respeitou a vontade do governo haitiano, nem se prestou atenção às suas prioridades", sublinhou.

Ele disse que, após o terremoto, "o Haiti parecia ser despedaçado pelos governos dos países mais poderosos que distribuíam suas ajudas, de maneira arbitrária e arrogante, mediante suas vorazes companhias e algumas de suas mais ricas organizações não-governamentais".

O ministro cubano advertiu que ainda hoje prevalece a canalização de fundos e recursos fora dos programas e do controle do governo haitiano, o que conduz ao gasto desnecessário, à corrupção e à satisfação de interesses marginais ou seletivos.

Ao se referir à ajuda de Cuba aos haitianos, Rodríguez Parrilla explicou que ela tem estado concentrada na área que mais impacto pode conseguir: "a saúde pública, elemento importante da sustentabilidade e da estabilidade social do Haiti".

Nesse sentido, destacou a estreita coordenação com a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) e o trabalho realizado sob as indicações e prioridades do governo haitiano.

"Temos trabalhado sem descanso no programa de reconstrução do sistema nacional de saúde, cuja essência está em satisfazer as necessidades sanitárias do 75% da população mais necessitada, com um mínimo de despesas", disse.

O chanceler cubano realçou a importância dos recursos disponibilizados pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e do trabalho conjunto desenvolvido com o Brasil através de um Acordo Tripartite com o Haiti.

Sobre o apoio de outros países para a execução do programa de saúde, citou a Namíbia, a Noruega, a África do Sul, a Austrália e a Espanha, como os que têm contribuído, junto a grupos de doadores individuais, com cerca de 3,5 milhões.

"Estamos dispostos a trabalhar com todo país ou organização que, de maneira estritamente humanitária, com respeito e em plena coordenação com o governo haitiano, tenha a vontade de participar na reconstrução e desenvolvimento de seu sistema de saúde", insistiu.

"O que requer o Haiti é uma ajuda substancial e desinteressada, estreitamente coordenada com o governo, que contribua com seu desenvolvimento e com a superação das imensas dificuldades e divergências socioeconômicas que afetam o país e impedem a estabilidade e o progresso de seu povo", acrescentou.

O ministro cubano assegurou que o Haiti não precisa de uma força de ocupação e "não é, nem pode ser convertido em um protetorado das Nações Unidas" , cujo papel é apoiar o governo e o povo haitiano na consolidação de sua soberania e autodeterminação.

Alertou que a Missão da ONU no Haiti (Minustah) não tem prerrogativas políticas para interferir em assuntos internos que só interessam aos haitianos, nem deve fazê-lo.

"Não pode ser aceito que (esse contingente) seja participante das opções eleitorais ou que pressione as autoridades soberanas em um sentido ou outro. Também não tem nenhuma autoridade para falar em nome do Haiti" , dimensionou.

E sublinhou que o problema humanitário nesse país "não é um tema que interesse ao Conselho de Segurança, senão à Assembleia Geral, de quem usurpa frequentemente, como agora, suas faculdades".

Disse que a situação "haitiana não ameaça a paz e a segurança internacionais nem se resolve com forças militares concebidas para operações de manutenção da paz". Ele recordou as consequências das omissões, dos excessos e procedimentos antidemocráticos dos quais padece este Conselho.

"As dificuldades do Haiti são provocadas por séculos de saque colonial e neocolonial, pelo subdesenvolvimento, a imposição de uma das ditaduras mais longas e sangrentas que viveu nossa região e pela intervenção estrangeira", sentenciou.

"O Haiti precisa de recursos para a reconstrução e de recursos para o desenvolvimento. Isso requer compromisso humanitário e não interferência nem manipulação política. Faz falta um mínimo de generosidade em vez de tanto egoísmo", concluiu o chanceler cubano.

Com Prensa Latina