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Junta militar do Egito começa revisão da Constituição

O governo militar do Egito nomeou nesta terça-feira (15) um ex-magistrado para dirigir um comitê que fará emendas à Constituição, enquanto reiterou os pedidos para que sejam levantados os protestos e greves, no sentido de restabelecer a "normalidade" no país.

O Conselho Supremo das Forças Armadas encarregaram o juiz aposentado Tareq Al-Bishry de dirigir a comissão que modificará a Lei Fundamental do país, um trâmite indispensável no processo da transição democrática no Egito.

O próprio al-Bishry, conhecido por sua defesa da independência do poder judicial durante a ditadura de Mubarak, confirmou que foi escolhido pelo Conselho Supremo para essa tarefa depois que a Constituição foi suspensa e o Parlamento dissolvido.

Segundo os prazos previstos, as reformas no texto deverão ser realizadas em cerca de dez dias, para depois ser convocado um referendo popular a respeito em até dois meses e, em seguida, uma eleição presidencial e legislativa, que deverá ser convocada para um prazo entre três e quatro meses a partir de hoje.

Os militares tentam aplacar desta maneira o forte inconformismo que ainda reina entre a população do Egito, apesar de no domingo e na segunda militares terem conseguido desalojar os manifestantes que ocupavam a praça Tahrir, no centro da cidade do Cairo, o núcleo das revoltas que causaram a queda do ditador Mubarak.

A cúpula militar removeu de seus cargos o diretor de segurança pública do Ministério do Interior, Adly Fayed, e o chefe de segurança da capital, Ismail El-Shaer, por terem sido responsáveis pela decisão de disparar contra manifestantes opositores ao regime durante os protestos.

Junto a esses passos para satisfazer algumas exigências populares, o Conselho Supremo colocou em vigência a lei marcial, para desestimular as mobilizações de rua e as greves em demanda de melhores salários e condições de trabalho.

"Os egípcios nobres vêem que estas greves, neste momento delicado, conduzem a resultados negativos", trovejou um porta-voz militar em uma audiência dada à televisão, pressionando os trabalhadores a voltarem ao trabalho.

Empregados dos setores de transportes, turismo, metalurgia, têxteis, bancário, da polícia, motoristas de ambulância, jornalistas e desempregados com graduação em arqueologia marcharam segunda-feira (14)  pelas ruas de grandes cidades do país para exigir que suas demandas sejam atendidas.

Representantes dos jovens revolucionários, como se definem os artífices da revolta contra Mubarak, confirmaram nesta terça ter realizado, pela primeira vez, conversações diretas com chefes militares para estabelecer um cronograma de prioridades para a desejada mudança de regime.

Por outro lado, o governo do premiê, Ahmed Shafiq, prometeu uma remodelação paulatina do gabinete designado por Mubarak, e pediu aos Estados Unidos, à França e ao Reino Unido para que congelassem as contas de todos os funcionários ligados ao ex-presidente.

A Fraternidade Muçulmana, ainda ilegal, por sua vez, anunciou que solicitará sua conversão em partido político, "levando em conta o estabelecimento de um estado democrático e civil baseado em medidas universais de liberdade e justiça".

Para o grupo, proscrito desde 1954, as novas condições fazem prevalecer "valores islâmicos centrais que servem a todos os egípcios, sem importar cor, credo, tendência política ou religião", segundo uma nota divulgada pela Fraternidade nesta terça.

Fonte: Prensa Latina