Sem categoria

Câmara de Floripa quer cassar vereadores que derrotaram prefeito

Logo mais, às 19h, terá início sessão da Câmara Municipal de Florianópolis que deliberará pela cassação ou não dos vereadores Doutor Ricardo Vieira (PCdoB) e Asael Pereira (PSB). Após ver seu aliado derrotado na eleição para presidência da Câmara, o prefeito Dario Berger (PDMB) e integrantes de sua base de apoio no legislativo passaram a acusar os dois vereadores de terem pedido dinheiro em troca do voto na eleição da mesa diretora, na qual o candidato da oposição venceu.

Doutor Ricardo Oliveira

Para o vereador comunista, que recebeu várias manifestações de apoio e solidariedade, o prefeito e seu grupo agem movidos pelo desespero. "Refuto qualquer tipo de ilação ao meu respeito e considero essas manifestações como desespero de quem perdeu a eleição e agora procura desqualificar a vitória da oposição", declarou Dr. Ricardo Vieira em nota.

O pedido de punição dos parlamentares foi feito no processo ético-disciplinar instaurado na Câmara a partir de acusações levianas levantadas pelo vereador da base governista, João da Bega (PMDB), que perdeu a eleição para a presidência da Câmara para Jaime Tonello (DEM) por 9 a 7 mesmo sendo considerado o candidato favorito.

Na última sexta-feira, dia 11, ficou clara a tentativa de manipulação desse processo numa manobra política orquestrada pelos vereadores governistas que apóiam o prefeito Dário Berger: Renato Geske (PR), Edinon Manoel da Rosa (Dinho PSB) e Celso Francisco Sandrini (PMDB). Estes parlamentares instituíram, na prática, um Tribunal de Exceção, não dando ao vereador Ricardo Vieira o direito à ampla defesa, assegurado pela Constituição, já que este tinha prazo de até segunda-feira para apresentação de sua defesa.

Mesmo com o parecer do relator favorável ao arquivamento do processo por falta de provas, a maioria pró-Dário forçou a aprovação de outro parecer por 3 votos a 2.

Agora, cabe ao plenário da câmara decidir se aceita o relatório do conselho de ética da câmara, que propôs a cassação dos parlamentares, ou se rejeita, absolvendo-os – como recomendou o parecer elaborado pelos relatores dos dois processos instaurados, um contra o vereador Ricardo, e o outro contra o vereador Asael.

Entenda o caso

Um dia após perder a eleição para a presidência da Câmara, em 14 de dezembro último, o vereador derrotado João da Bega (PMDB) começou a "acusar" colegas que não votaram nele de terem oferecido seus votos em troca de R$ 230 mil.  O grupo de comunicação RBS, em seu Jornal do Almoço, chegou a anunciar que divulgaria uma "gravação secreta" com os indícios da acusação. Ao final do programa, contudo, a tal "gravação secreta" não passava de um vídeo feito com um celular, mostrando o próprio João da Bega reiterando a denúncia. 

Como o vídeo não continha absolutamente nada que confirmasse a denúncia do derrotado João da Bega, no decorrer do dia, o prefeito Dário Berger saiu em seu socorro e somou-se ao aliado nas acusações, afirmando que o vereador do PSB, Asael, havia pedido R$ 300 mil para votar em seu candidato. Também atirou contra o vereador do PCdoB, Ricardo Vieira, acusando-o, sem provas, de haver pedido recursos para "pagar dívidas de campanha de Angela Albino", deputada estadual eleita do seu partido.

Fica claro, observando-se os fatos, que o que está em jogo são as eleições de 2012, onde o PCdoB apresenta-se com uma forte candidatura à prefeitura – a deputada estadual Angela Albino. Por isso, o principal objetivo dos detratores do vereador Ricardo é desgastar o PCdoB.

Também está em jogo hoje a seriedade do legislativo municipal. Caso seja aprovada a cassação, a partir de agora será instaurado o vale-tudo na política local, onde quem acusa não precisa provar, e as verdades se constituem a partir da formação de maiorias ocasionais.