Vicentinho vai relatar proposta de salário mínimo do governo
Governo indica o deputado Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), ex-sindicalista, para a relatoria do projeto que reajusta o valor do salário mínimo para R$ 545. A estratégia do Planalto é tentar quebrar a pressão feita pelas centrais sindicais por um aumento maior. Vicentinho foi presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e construiu sua carreira política como sindicalista.
Publicado 14/02/2011 15:43
As centrais sindicais têm pressionado até parlamentares da base aliada para que aprovem um reajuste mais alto, chegando a pelo menos R$ 560. Com Vicentinho na relatoria e na negociação com as centrais, o governo avalia que elas, especialmente a Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT, terão constrangimento para pressionar fortemente por um valor maior.
Controvérsia
A indicação de Vicentinho (PT-SP) para relatar a matéria não assustou os sindicalistas envolvidos no trabalho direto com os parlamentares. Para eles, o ex-presidente da CUT cometeu um erro político ao aceitar a função e ficar contra o movimento sindical e a classe trabalhadora.
O PCdoB defende que o salário poderia ser maior, de R$560. Os partidos de oposição defendem reajustes mais altos. O DEM quer R$ 565 e o PSDB propõe R$ 600. Mas os dois partidos aceitam, nos bastidores, apoiar a emenda dos R$ 560.
O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou que vai considerar como "dissidentes da base" todos aqueles que votarem diferentemente da proposta de R$ 545. "A orientação do governo é uma só. Todos devem votar a favor da proposta de reajuste do salário mínimo no valor de R$ 545. A oposição pode até apresentar outras emendas, mas a proposta que o governo apoia é apenas essa: R$ 545. E vamos cobrar da base que vote a favor disso", disse.
Possibilidade de R$ 560
Se não conseguir conter as pressões na base, o governo já tem montada sua estratégia de redução de danos. O plano B passa pelo acordo reservado firmado com a oposição para apoiar a emenda que reajusta o mínimo para R$ 560. Com isso, o governo contemplaria as centrais sindicais e pacificaria as bases.
Os efeitos da ampliação do mínimo para R$ 560 sobre o orçamento foram minimizados pela decisão das centrais de aceitar o aumento real deste ano como uma antecipação do reajuste do mínimo de 2012, que deve ser feito dentro do acordo fechado informalmente em 2007 entre centrais e governo. Naquele ano, foi estabelecida uma espécie de indexador informal. A correção do mínimo passou a ser feita levando-se em conta a variação do PIB dos dois anos anteriores mais a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Como em 2010 o INPC ficou em 6,47%, o valor do mínimo seria R$ 543, mas o governo arredondou para R$ 545.
De Brasília, Régia Vitória