Hizbollah consegue apoio e fica perto de governar o Líbano
O partido Hizbollah ficou mais perto nesta segunda-feira (24) de controlar o governo do Líbano após ter assegurado apoio suficiente no Parlamento para nomear seu próprio candidato para o cargo de primeiro-ministro.
Publicado 24/01/2011 20:58
Quase duas semanas após derrubar o governo libanês, o Hizbollah já consolidou sua posição de principal força do país.
O candidato do partido, o empresário bilionário Najib Mikati, foi escolhido para conquistar a nomeação após o Hizbollah e seus aliados terem reunido o apoio necessário de ao menos 65 dos 128 membros do Parlamento.
Ao garantir um aliado na chefia de governo, o Hizbollah deu mais um passo em sua ascensão como força de resistência aos sionistas israelenses e ao imperialismo estadunidensel, surgida no início dos anos 1980, para a mais poderosa força política e militar do Líbano hoje.
O premiê Saad al Hariri, cujo governo caiu no início do mês com a saída do Hizbollah, disse que ele e seu grupo pró-imperialista não devem participar de uma administração dominada pelo Hizbollah.
O sistema de divisão de poder no Líbano exige que o posto de premiê seja ocupado por um sunita, e os partidários de Hariri dizem que qualquer pessoa que aceite um mandato do Hizbollah para formar um novo governo deve ser considerado um traidor.
Partidários de Hariri saíram às ruas de diversas cidades libanesas nesta segunda-feira, bloqueando ruas em Tripoli, queimando pneus para fechar a principal estrada que corta a cidade de Sidon (sul) e protestando em Beirute antes de serem dispersados por forças de segurança. A estrada para a Síria que passa pelo vale de Bekaa também foi fechada.
Nesta segunda-feira, o porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, P.J. Crowley, alertou que a continuidade da ajuda econômica ao Líbano pode ser "problemática" se o Hizbollah assumir um papel dominante no governo. Ele se recusou a dizer, porém, o que Washington fará se o candidato do Hizbollah tornar-se premiê.
O candidato Najib Mikati
Mikati já ocupou o cargo de premiê durante três meses em 2005, logo após a morte de Hafik Hariri. Foi nesse período que a Síria – aliada do Hizbollah – encerrou sua presença militar no Líbano.
Ele enfatizou nesta segunda-feira que irá representar todo o Líbano, mesmo tendo insistido que irá proteger "as realizações da resistência nacional" –uma referência ao Hizbollah.
"Não faço distinções entre ninguém", afirmou ele, que é formado na Universidade Harvard (EUA) e um empresário com fortuna estimada em US$ 2,5 bilhões. "Estendo minha mão a todos sem exceção. […] Digo ao premiê Saad Hariri: vamos todos trabalhar juntos pelo bem do Líbano."
É significativo o Hizbollah ter escolhido um candidato relativamente centrista, mesmo que o grupo tenha conseguido poder suficiente para governar sozinho. A ação indica que o Hizbollah está pelo menos levando em consideração a ideia de que um governo de unidade pode ser formado.
Crise de governo
O Hizbollah e seus aliados deixaram o governo de coalizão de Hariri em 12 de janeiro pela recusa de Hariri a desautorizar o tribunal da ONU que deve indiciar integrantes do Hizbollah sob a acusação de terem assassinado, em fevereiro de 2005, o seu pai, o ex-premiê Rafik Hariri. O Hizbollah afirma que são falsas as acusações.
O impasse político tem aprofundado divisões entre confissões religiosas e grupos políticos no Líbano e a possibilidade de um governo formado pelo Hizbollah irá alarmar Israel, que em 2006 agrediu o país contra o qual realizou bombardeios maciços durante um mês. Na ocasião, a então secretária de Estado dos estrados Unidos, sob o foverno de George W. Bush, que apoiou a agressão israelense ao Líbano, declarou que os bombardeios sobre a capital Beirute e o Sul do Líbano eram “as dores do parto do novo Oriente Médio”. O Hizbollah encabeçou a resistência nacional e derrotou Israel.
O vice-premiê de Israel, Silvan Shalom, disse no fim de semana que havia um perigo de que um "governo iraniano" se estabelecesse no Líbano. Ele disse que o Hizbollah "pode não mais ser um simples grupo terrorista operando com apoio do Irã, mas um grupo terrorista no controle do país". A declaração do vice-premiê de Israel é uma clara provocação e contém uma ameaça de nova agressão ao Líbano, sob o pretexto de que o controle do Hizbollah sobre o governo libanês significará o com trole do Irã sobre o país árabe.
Com agências