Presidente da UBES fala das lutas que movimentam os estudantes
O valor pago pelos amazonenses pelo acesso à internet está na lista de necessidades da região apontadas pelo presidente eleito da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), o amazonense Yann Evanovick. No dia 20, Evanovick participou da solenidade de lançamento da pedra fundamental da nova sede da entidade, no Rio de Janeiro, que contou com a presença do presidente Lula.
Publicado 30/12/2010 15:16 | Editado 04/03/2020 16:12
Eleito novo presidente da UBES com o tema “O pré-sal é nosso”, o amazonense Yann Evanovick falou, em entrevista ao Portal D24AM, sobre sua avaliação do movimento estudantil no país e as demais necessidades da região amazônica, dos estudantes do Amazonas e das demais regiões.
Portal D24AM – O tema da sua chapa que culminou em sua eleição à presidência da UBES foi um tema nacional, “O pré-sal é nosso”. Mas, como amazonense, há algum tema específico à região que defenda? Qual a atuação da UBES no Amazonas?
Yann Evanovick – Primeiro, para mim, é uma honra presidir a UBES, entidade que sempre esteve envolvida com as grandes pautas nacionais, e não poderia ser diferente com o nome da chapa. Por isso decidimos colocar o nome “O pré-sal é nosso”. Sou amazonense e tenho o dever de representar as pautas da minha região e colocá-las em evidência, sejam elas de desenvolvimento da região ou específicas dos estudantes.
No famoso festival de Parintins, a UBES relançará sua campanha em defesa da Amazônia. O tema que temos como prioridade é a defesa da Amazônia como bem do povo brasileiro, isso porque achamos que tem que acabar essa história da Amazônia enquanto patrimônio da humanidade. A Amazônia Brasileira é do povo brasileiro. Sobre a atuação no Amazonas, a UBES tem uma rede. Atuamos através das entidades municipais (UMES) e estadual (UESAM).
Portal D24AM – Alguns líderes estudantis ganharam notabilidade durante o movimento estudantil, o que os levou a disputar cargos eletivos. Você acha correto que algumas lideranças usem a luta estudantil como trampolim político?
Yann Evanovick – Acredito que ninguém pode ser e usar alguém ou entidade como trampolim. O Movimento Estudantil é uma das formas mais tradicionais de fazer política no Brasil e isso faz também que se torne uma das maiores escolas políticas do nosso país. Aqui já passaram Presidentes da República, Senadores, Governadores e etc. O Importante é que esses que passaram por aqui possam manter seus compromissos assumidos ainda como estudantes. Não acho um absurdo ex-líderes estudantis disputarem cargos eletivos, e sim alguns deles esquecerem seus compromissos.
Portal D24AM – Quais são as principais necessidades/reivindicações dos estudantes hoje no país? E no Amazonas? As necessidades são as mesmas?
Yann Evanovick – No Brasil, acreditamos que são necessários mais investimentos em educação, como a aprovação imediata de 10% do PIB em educação, livre acesso à universidade, eleição direta para diretor de escola por voto paritário, construção de mais escolas técnicas (IFET’S), aumento do salário dos profissionais em educação, investimentos em meios alternativos de comunicação, mais empregos para a juventude, combate à criminalização dos movimentos sociais e investimentos de 50% do Pré-Sal para a educação.
No Amazonas, lutamos pelo passe livre para os estudantes no transporte coletivo, meia passagem intermunicipal para os estudantes, presença da UEA e UFAM em todos os municípios, com os cursos que a região necessite, combate o preço abusivo que os amazonenses pagam pela internet e construção de mais escolas de tempo integral. Algumas necessidades dos estudantes em todo o país são as mesmas, principalmente no que se refere a investimentos em educação, pois a dívida com o setor é muito grande.
Portal D24AM – O Enem 2010 registrou muitos problemas, assim como o de 2009. Qual sua opinião hoje sobre o exame? É o melhor método para avaliar a educação no país?
Yann Evanovick – O Enem significa o fim do antigo vestibular da decoreba. Acho que para o momento é um bom instrumento. Porém, as falhas que ocorreram têm que ser combatidas radicalmente. Nós fizemos muitas mobilizações para que nenhum estudante saísse prejudicado com os últimos erros, mas acho que a grande luta é pela universalização do acesso à universidade.
Portal D24AM – A nova sede da UBES, no Rio de Janeiro, está sendo construída a partir de indenizações motivadas pela perseguição à entidade no período do regime militar, logo não vem “gratuitamente” do Governo Federal. Mas a presença do presidente Lula, que padece de grande prestígio nacional, à solenidade de inauguração não pode inibir futuras manifestações?
Yann Evanovick – Dia 20 foi um dia histórico para a democracia brasileira. A UNE e a UBES passam a ser as primeiras entidades a receberem indenização no Brasil. Durante a ditadura militar, muitos estudantes foram perseguidos e mortos. O primeiro ato dos militares foi incendiar a sede da UNE e UBES na praia do Flamengo. Essa é uma vitória dos estudantes, mas principalmente da democracia brasileira. Não acho que a presença do Presidente Lula vai interferir em futuras mobilizações, já que as entidades mantiveram sempre uma postura de autonomia frente a todos os governos.
Portal D24AM – Qual sua avaliação do movimento estudantil no país? As juventudes partidárias estão fazendo um bom trabalho ou estão a serviço de seus partidos? Como você avalia a luta estudantil no Amazonas?
Yann Evanovick – O movimento estudantil brasileiro é um dos mais fortes do mundo. No Brasil, se mantém um alto grau de unidade nas lutas estudantis e um dos fatores é de se ter somente duas entidades nacionais representativa dos estudantes, no caso a UNE e a UBES. Agora é permanente o esforço que fazemos para todos os estudantes entenderem a necessidade de se organizar. As juventudes partidárias ajudam muito na construção política das entidades. A UBES tem, na sua diretoria, estudantes filiados a partidos de esquerda e direita, mantendo assim a pluralidade de pensamentos. Porém, é nosso dever zelar pela livre expressão da entidade, assim não permitindo que nenhum partido fira o princípio da permanente autonomia.
A luta no Amazonas precisa ser intensificada. No ano passado, foram feitas grandes mobilizações em defesa da meia passagem. Essas passeatas demonstraram o poderio dos estudantes. Existem muitas pautas a serem debatidas e conquistadas e, diga-se de passagem, muitas delas com um grande poder de mobilização. Um exemplo é o passe livre estudantil.
Fonte: Portal D24AM