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Reconstrução da sede da UNE, conquista de várias gerações

Com projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, a União Nacional dos Estudantes (UNE) lança nesta segunda (20) a pedra fundamental da sua nova sede na praia do Flamengo, no Rio de Janeiro. O ato conta com a presença do presidnete Lula. O edifício terá 13 andares e inclui salas de cinema, teatro e o museu Memória do Movimento Estudantil.

“Queremos desenvolver um espaço de cultura com feição democrática, de esquerda, semelhante ao Centro Popular de Cultura (CPC, extinto na ditadura)”, afirmou o presidente da entidade, Augusto Chagas.

Com o novo espaço, a UNE pretende ampliar sua ouvidoria, para atender e defender estudantes. A previsão é que as obras comecem no primeiro semestre de 2011, após a finalização do projeto executivo feito pelo escritório de Niemeyer. A inauguração seria em 2013.

A sede original da UNE havia sido doada à entidade em 1942 pelo presidente Getúlio Vargas. O espaço concentrou campanhas importantes e atividades do movimento estudantil – como a defesa do petróleo brasileiro e da criação da Petrobras e a campanha da Legalidade, quando a mobilização da sociedade conseguiu garantir a posse de João Goulart na presidência da República após a renúncia de Jânio Quadros, e a das reformas de Base, propostas pelo governo Goulart.

Em 1º de abril de 1964, um dia após o golpe militar, contudo, o prédio foi atacado e destruído por um incêndio. Em junho deste ano, o Congresso e a Presidência reconheceram a responsabilidade do Estado pela destruição do prédio, o que garantiu a indenização de R$ 44 milhões, que serão utilizados  na reconstrução do prédio, que fica na Praia do Flamengo, na zona sul do Rio. Deste valor, o governo federal já liberou R$ 30 milhões. O restante ficará para 2011.

“É uma data especial para os estudantes brasileiros. Esperamos muito tempo para podermos colocar de pé novamente essa que já foi chamada de ‘a casa do poder jovem’ e a ‘casa da resistência democrática’”, falou Augusto Chagas.

De acordo com o presidente da UBES, Yann Evanovick, a reconstrução da sede, no Rio de Janeiro, nada mais é do que uma reparação histórica pelo que foi feito com as entidades estudantis nos tempos da ditadura. "Nada mais correto do que o Estado brasileiro, na imagem do presidente Lula, devolver às entidades esse espaço de debate e de construção da democracia", defendeu.

No ato desta segunda, também será prestada uma homenagem aos ex-presidentes das entidades e lideranças estudantis, para celebrar essa que é uma conquista de gerações. O movimento estudantil faz ainda uma reverência a todos que lutaram contra a ditadura militar, com a inauguração um enorme painel do herói Honestino Guimarães, estudante e ex-presidente da UNE, desaparecido político até dos dias de hoje.

Honestino foi quem segurou a entidade no período mais difícil do regime de exceção, após a instauração do Ato Institucional número 5 (1968), época de perseguições, torturas e mortes de muitos jovens. O painel mostra uma conhecida foto de Honestino, registrada no livro “O Poder Jovem” de Arthur Poerner.

Para celebrar o início das obras, haverá também a reedição da Exposição “Memória do Movimento Estudantil”. Estarão expostos no terreno painéis que contam a história da mobilização de universitários e secundaristas, desde a criação do Conselho Nacional de Estudantes, em 1937, até hoje.

Com agências