Claudio Ferreira Lima – Para onde vamos?
Presidente diplomada. Ministério escolhido. Daqui a 13 dias, novo governo. Que caminhos o País trilhará? Para a resposta nos baseamos em dois documentos: na entrevista de Dilma Rousseff, que é o fecho do livro “Brasil, entre o passado e o futuro”, organizado por Emir Sader e Marco Aurélio Garcia; e no primeiro pronunciamento dela como candidata eleita.
Publicado 19/12/2010 13:45 | Editado 04/03/2020 16:32
É claro que entre o planejado e o que virá habitam as incertezas, ainda mais em um presidencialismo de coalizão de tantos partidos como o nosso. Mas o nosso presidencialismo é também imperial e, daí, o chefe supremo, caneta na mão, segura o leme do governo para cumprir, sem grandes desvios, os rumos traçados para o País.
E quais os rumos traçados? Dilma continuará a construção nacional, interrompida nos anos 80 e retomada por Lula com este compromisso fundamental: “a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras”.
Esse compromisso implica, de um lado, intensificar as políticas sociais de melhoria e de transferência de renda, assim como de universalização dos serviços públicos. Não dá para esperar pelo Mercado: ou o Estado faz ou fica para as calendas gregas. De outro lado, implica sustentar o crescimento econômico, incorporando inovação e tecnologia de ponta, mas com a ideia fixa de agregação de valor no País. Daí o incentivo ao conteúdo local, como já ocorre com a produção de plataformas e de navios – recriando a indústria naval -, da mesma forma que com os fármacos, os biocombustíveis, a nanotecnologia e a tecnologia da informação.
Isso quer dizer também reforçar o apoio ao micro e pequeno negócio, gerador por excelência de emprego e renda, que atende a profusão de demandas de um mercado interno em plena expansão por todos os rincões do País.
Não haverá, porém, desenvolvimento com inclusão social se não forem enfrentados e vencidos dois desafios. O primeiro é o da educação. E isso sem o falso dilema ensino básico versus ensino superior. E o outro, ligado ao primeiro, é o da pesquisa básica e aplicada.
Será uma constante o esforço para que se tenha uma matriz energética cada vez mais limpa e se reduza num crescendo o desmatamento da Amazônia, por meio de alternativa econômica viável para a população, e a desertificação, pelo desenvolvimento sustentável das áreas afetadas.
A política externa, mais que diversificar parceiros comerciais e atrair investimentos, terá em mira a influência do País nas decisões dos fóruns regionais e mundiais.
Diante de tudo isso, é vital aperfeiçoar o Estado como indutor e parceiro. Recompor a sua capacidade executora, atrofiada nos tempos neoliberais, é prioritário. A hora agora é de se adotar novos e avançados mecanismos de gestão que, recuperando as funções executivas, simplifiquem os processos e, a um só tempo, os tornem absolutamente transparentes. Sem esquecer, porém, de que a
alma do Estado eficiente é a valorização do funcionário, da sua formação e do seu profissionalismo.
Um país para 190 milhões. Alea jacta est.
Cláudio Ferreira Lima é economista