Disputas em São Paulo escancaram confronto entre Kassab e Alckmin
As disputas pelo comando da Assembleia Legislativa de São Paulo e da Câmara Municipal da capital refletem o embate entre o governador eleito, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito Gilberto Kassab (DEM), que deve migrar para o PMDB em janeiro.
Publicado 06/12/2010 11:07
Com vistas à eleição de 2014, Kassab começa a se articular com parlamentares do PT, PSB, PDT, PCdoB e PR , além do PMDB, para tentar enfraquecer o grupo de Alckmin. O primeiro teste da força política de Kassab depois das eleições deste ano será a escolha do novo presidente da Câmara Municipal, no dia 15.
O vereador Milton Leite (DEM) é o candidato do “centrão” — bloco de 20 parlamentares que inclui PT e PR. Leite foi um dos dois vereadores do DEM a declarar apoio à candidatura de Aloizio Mercadante (PT) nas eleições ao governo, embora o seu partido estivesse coligado ao PSDB de Alckmin.
O outro concorrente à presidência da Casa é José Police Neto (PSDB), que tem o apoio formal de Kassab. Uma explicação para o apoio do prefeito a um candidato de outro partido remete à disputa pela prefeitura em 2008. À época, Kassab teve apoio dos vereadores tucanos, entre eles Police Neto, mesmo o PSDB tendo Alckmin como candidato. O apoio “quitaria” a dívida com a bancada do PSDB, composta basicamente por aliados do ex-governador José Serra.
Para serristas, o cálculo é mais complexo. Kassab segue a mesma estratégia usada em 2005, quando Rodrigo Garcia (DEM) venceu Edson Aparecido (PSDB) na disputa pela presidência da Assembleia. Foi o maior revés político de Alckmin, então governador, à frente do Palácio dos Bandeirantes.
Já na disputa pela presidência da Assembleia Legislativa, em março de 2011, o embate entre o grupo de Kassab e o de Alckmin deve ser mais nítido. Tucanos ligados ao governador eleito defendem para o cargo Bruno Covas (PSDB), um dos principais apoiadores da candidatura de Alckmin em 2008 à Prefeitura de São Paulo contra Kassab.
Dentro da Assembleia, no entanto, Bruno Covas é tido como parlamentar ainda pouco articulado. “O custo político para bancá-lo será muito grande para Alckmin”, diz um tucano. Serristas defendem Barros Munhoz, presidente da Casa, para continuar no cargo.
Se Bruno Covas disputar a presidência da Assembleia, parlamentares da oposição ao PSDB e deputados do PMDB e do DEM sinalizam que lançarão outro nome. O mais provável é um do PT, partido que fez a maior bancada nesta eleição, com 24 deputados. O embate pode ser uma reedição do cenário de 2005.
Da Redação, com informações do Valor Econômico