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Pesquisa indica que o povo quer a moratória da dívida na Irlanda

A maioria dos irlandeses quer que o governo pare de pagar suas enormes dívidas, segundo uma pesquisa publicada neste domingo pelo jornal "Sunday Independent", num momento em que União Europeia e o FMI (Fundo Monetário Internacional) negociam os últimos ajustes de um plano de ajuda internacional para o país.

Das 500 pessoas entrevistadas, 57% acreditam que a Irlanda não deveria pagar a dívida, contra 43% que pensam o contrário, aponta a pesquisa do Instituto Quantum Research. A reivindicação de não pagar a dívida foi uma das bandeiras do protesto que reuniu entre 50 mil e 150 mil irlandeses em Dublin no sábado.

Além disso, a pesquisa revela que dois terços da população é contra a adoção das novas medidas de austeridade anunciadas pelo governo, que incluem a redução do salário mínimo.

Na verdade, o caminho do não pagamento da dívida é o mais justo não só porque impõe menores sacrifícios ao povo, fazendo com que os banqueiros também paguem pela crise que provocaram, mas é a recomendação de muitos economistas críticos para que o país retome o caminho do desenvolvimento, a exemplo do que ocorreu com a Argentina após a crise de 2001.

Conforme notou o economista estadunidense Paul Krugman, a Irlanda tinha um déficit modesto antes da crise e uma boa situação econômica, depois de um badalado “milagre” que acabou “dando lugar a uma orgia especulativa provocada por bancos e incorporadoras imobiliárias fora de controle, numa relação promíscua com políticos de peso. A orgia foi financiada com empréstimos enormes captados por bancos irlandeses, em geral de bancos de outros países europeus”.

“Aí a bolha estourou, e esses bancos enfrentaram prejuízos imensos”. A ganância e especulação dos banqueiros provocou a crise. Por isto, “seria de esperar que os que emprestaram dinheiro aos bancos dividiriam os prejuízos. Afinal, eles eram adultos responsáveis por seus atos, e se não conseguiram compreender os riscos que estavam assumindo isso não foi por culpa de ninguém além deles. Mas, não, o governo entrou em cena para garantir a dívida dos bancos, transformando prejuízos privados em obrigações públicas.” A pesquisa mostra que o povo irlandês tem consciência do que está em jogo.

Da redação, com agências