Chávez pede vitória arrasadora e campanha incentiva o voto
A três dias das eleições parlamentares de domingo (26), a Venezuela se prepara para votar, com os partidos políticos tendo até esta quinta (23), data do encerramento da campanha, para conquistar eleitores.
Publicado 23/09/2010 10:25
Na manhã da última quarta (22), entrou em funcionamento o “Plano República”, que prevê a mobilização de cerca de 250 mil soldados nos 12 mil locais de votação do país para garantir a segurança do processo eleitoral, protegendo urnas e outros equipamentos.
Além disso, no mesmo dia, começam a chegar ao país cerca de 150 de observadores internacionais – na maioria da América Latina – segundo o CNE (Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela), órgão responsável pelas eleições. O órgão também anunciou que o primeiro boletim parcial de apuração será divulgado duas horas após o fechamento das urnas, às 18h no horário local (19h30 em Brasília).
Na eleição de 2005, a base governista conquistou a esmagadora maioria dos votos, ficando com 140 deputados em um total de 165. Na ocasião, os oposicionistas preferiram boicotar a votação. Dessa vez, cerca de 30 partidos da oposição saem reunidos na coligação Mesa da Unidade Democrática (MUD), enquanto o governo lança seus candidatos pela Aliança Patriótica, ao lado do PCV (Partido Comunista de Venezuela) e UPV (Unidade Popular Venezuelana).
Nos últimos dias, ambos os lados fizeram declarações garantindo que respeitarão o resultado, qualquer que seja. "Todos os que participam nas eleições, simplesmente, devem reconhecer o resultado, seja este qual for", afirmou o presidente venezuelano, Hugo Chávez, em ato transmitido por rádio e TV.
Últimos dias
Nessa última semana de campanha, o comando do governista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) reforçou as visitas de casa em casa, assim como encontros e comícios regionais. Ontem, o presidente Chávez saiu em carreata pelos bairros de Catia e 23 de Enero, até a Praça O’Leary, centro da capital, onde discursou para centenas de militantes. Chávez pediu aos eleitores que tenham disciplina nas eleições, para “pulverizar” a oposição nas urnas.
“No domingo, escreveremos outra página na História. Vamos demolir a contrarrevolução, mas vamos fazer com que os ‘esquálidos’ virem pó. Vamos ensinar a nova força da revolução bolivariana.”
Reeleição
O presidente disse que o governo precisa manter a maioria na Assembleia Nacional e mencionou a intenção de se reeleger em 2012.
“Temos de ganhar bem, por nocaute, porque depois vem 2011 e logo logo já é 2012. E, se Deus e a Virgem Maria quiserem, o povo venezuelano vai eleger de novo um presidente da República, e eu estou pronto para continuar com vocês”, afirmou, enquanto o público gritava “Uh-Ah! Chávez, não vá embora!”.
O governo, que atualmente possui maioria na Assembleia Legislativa, agora espera eleger no mínimo 110 deputados. A passagem por 23 de Enero foi tumultuada, pois a população ocupou as duas pistas da principal avenida do bairro. No momento em que o carro de som de Chávez passou pelo mar de camisetas, bonés e bandeiras vermelhas, ouviram-se gritos de “comandante!”, “El pueblo pa’ Asemblea” e “Viva Chávez”. O presidente cumprimentou os eleitores, que, por sua vez, faziam sinais de reverência.
Estratégias
O CNE vem fazendo campanha para que a população compareça no domingo, pois na Venezuela o voto não é obrigatório. Ontem, no aeroporto internacional Simón Bolívar, duas funcionárias do órgão lembravam o pleito para os passageiros venezuelanos recém-chegados segurando cartazes com informações.
Segundo o chefe da campanha, Aristóbulo Isturiz – candidato pelo Distrito Federal –, mais de 2 milhões de militantes – organizados em 35 mil patrulhas e 12.471 "unidades de batalha" – já fizeram contato com 3,3 milhões de pessoas e esperam chegar a 5 milhões até hoje.
Por sua vez, a oposição também adota a estratégia de ir às casas dos eleitores pedir votos e sustenta a campanha em ataques ao governo Chávez e à Assembleia.
No total, 2.719 candidatos disputarão as preferências de 17,7 milhões de eleitores que elegerarão 165 deputados – 110 por voto nominal e 52 por listas, e três representantes indígenas, além dos 12 membros do Parlamento Latino-Americano (Parlatino).
Fonte: Opera Mundi