Mercadante vai focar em eleitor de Dilma que escolhe Alckmin

De olho no eleitorado que declara voto em Dilma Rousseff (PT) para a Presidência e em Geraldo Alckmin (PSDB) para o governo de São Paulo, a campanha de Aloizio Mercadante, candidato petista ao Palácio dos Bandeirantes, usará os últimos programas do horário eleitoral para vincular os votos da esfera federal à estadual.

A intenção será mostrar a esse eleitor que Dilma e Mercadante são os "herdeiros" do projeto de governo que o presidente Lula iniciou.

Segundo o último Datafolha, 35% dos eleitores de Dilma em São Paulo votam em Geraldo Alckmin.

Isso significa que um terço dos eleitores da petista escolhem o PSDB no Estado, um universo de cerca de 4,5 milhões de votos.

Segundo o levantamento, Alckmin lidera a corrida para o Estado com 49% dos votos. Mercadante ocupa a segunda posição, com 23%.

O petista precisa promover uma baixa de pelo menos sete pontos percentuais no índice de Alckmin para ter chances de levar a disputa ao segundo turno.

Conseguiria isso se tirasse do guarda-chuva do tucano pelo menos metade dos eleitores que hoje fazem a dobradinha Dilma/Alckmin.

Por isso, o PT paulista passou as últimas semanas tentando decifrar a preferência desse grupo de pessoas.

No debate promovido pela Folha de S. Paulo e pela RedeTV! entre os candidatos ao governo estadual, na última quarta-feira, por exemplo, o núcleo de estratégia da campanha Mercadante fez pesquisas qualitativas só com pessoas que votam em Dilma e em Alckmin.

Para tentar promover a migração dos votos, o candidato usará principalmente o horário eleitoral. Tentará mostrar que Geraldo Alckmin e Dilma Rousseff fazem parte de projetos opostos.

A estratégia ganhou contornos práticos já ontem, no programa dos candidatos ao governo do estado.

Lula apareceu no programa de Mercadante e criticou o adversário tucano: "É uma vergonha que o estado mais rico, que deveria ser exemplo de politização, possa ser o retrocesso votando em alguém que, nós sabemos, não tem a alma do povo brasileiro, não pensa o Brasil".

Na análise qualitativa, o comando de campanha descobriu que a reação do eleitor de Alckmin e Dilma a ataques feitos por Mercadante não é boa. Portanto, as críticas ficarão a cargodo presidente Lula. Ao mesmo tempo, tentará fixar a mensagem de que quem está com a petista deverá estar com Mercadante em São Paulo.

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Da redação, com Folha de S. Paulo