José Reinaldo: Os sionistas mentem quando dizem querer a paz
A candidata Dilma Rousseff à Presidência da República pela coligação Para o Brasil Seguir Mudando, da qual fazem parte os comunistas, visitou na última segunda-feira a Confederação Israelita do Brasil, onde voltou a defender a política externa brasileira e ratificou as posições do governo do presidente Lula sobre o Irã.
Por José Reinaldo Carvalho*
Publicado 14/09/2010 11:17
Dilma afirmou que a relação com o país persa “é em busca da paz”. E num recado às forças imperialistas asseverou: “Qualquer um que abrir mão da paz está defendendo que o método correto é a guerra. E não é. As experiências no Iraque e no Afeganistão são dramáticas”. Ao mesmo tempo, a candidata demarcou-se daqueles que eventualmente neguem o holocausto: “É um fato histórico. As provas são contundentes, por isso mesmo, dramáticas”, pontuou.
São muitas as controvérsias quanto à interpretação de opiniões de líderes árabes e iranianos sobre o Holocausto. Negar sua negação é importante para não se cair na trampa de ser acusado de anti-judeu ou anti-semita. Rigorosamente, quem enxovalha a própria história do povo judeu são os sionistas no poder em Israel, porquanto cometem contra os árabes e especialmente os palestinos crimes semelhantes aos que Hitler praticou.
As declarações de Dilma apontam na direção correta. Também no que diz respeito à política externa, ela indica que dará continuidade à obra do governo Lula, conduzida durante os dois mandatos pelo Itamaraty, sob a gestão do ministro Celso Amorim, com eficiência, competência e visão estratégica correta quanto aos grandes problemas da geopolítica.
Particularmente em relação ao Oriente Médio o governo Lula fez algo comparável aos 12 trabalhos de Hércules.
Passe a expressão, por ser exata: Nunca antes na história da República o chefe de Estado havia visitado a região. Foram incontáveis as iniciativas brasileiras para fomentar as relações com os países árabes, das quais destacamos cinco, pelo seu significado.
A condenação brasileira à guerra de agressão dos EUA ao Iraque, dois meses depois da posse de Lula; a Primeira Conferência América Latina – Países Árabes, no primeiro mandato, realizada em Brasília, a ação solidária do Brasil com o Líbano, quando o país do cedro foi bombardeado em 2006 durante mais de um mês pela aviação israelense, a visita presidencial à Palestina ocupada e o acordo tripartite Brasil-Turquia-Irã em torno da questão nuclear, seguido pelo voto NÃO brasileiro no Conselho de Segurança das Nações Unidas às sanções propostas pelo imperialismo estadunidense.
Um rico acervo de realizações. Como se vê, há lógica, consistência e coerência na orientação brasileira em face da questão do Oriente Médio. Somos otimistas quanto à sua permanência. O Brasil pode e deve continuar desempenhando papel construtivo na criação de um ambiente propício à paz.
Durante o encontro com Dilma Rousseff, os dirigentes da Confederação Israelita entregaram-lhe um documento em defesa da democracia (!), pela preservação das liberdades políticas e a mobilização da sociedade na luta contra a pobreza (!) e reivindicando que o Brasil reafirme sua tradicional posição “em favor do direito de todos os povos do Oriente Médio à autodeterminação.” (sic).
Até aqui palavras, nada mais do que palavras, todas vazias de conteúdo, meras abstrações ou platitudes, lançadas no papel para iludir. Os sionistas mentem quando dizem querer a paz.
O verdadeiro objetivo do libelo sionista foi, entretanto, revelado em outro parágrafo do texto entregue a Dilma: “Todas as nações da região devem ter o direito de existir em paz e em segurança. Esse princípio é essencial para a solução de conflitos regionais”, sustenta o texto divulgado pela Confederação Israelita do Brasil, organização dedicada ao lobby sionista no país, à defesa dos interesses do Estado israelense, à difusão da sua ideologia racista e à estigmatização dos que se opõem aos crimes desse estado como anti-semitas e defensores do Holocausto.
O busílis da questão para o sionismo e que se encontra no substrato de toda a política de guerra e agressão de Israel contra os árabes em geral, os palestinos em particular e o Irã é a concepção, que vem da fundação do seu Estado em 1948, de que esses povos constituem uma ameaça à sua paz e segurança, com o que pretende justificar a sua própria natureza de Estado terrorista, genocida e a serviço da política imperialista estadunidense de domínio estratégico da região.
Há uma simbiose entre Israel e os Estados Unidos em função dos interesses que ambos defendem. Israel quer a sua expansão e, se possível, o extermínio dos palestinos. O imperialismo estadunidense quer seguir dominando o mundo, objetivo para o qual a conquista do Oriente Médio é fundamental.
A causa dos conflitos no Oriente Médio é a política agressiva e expansionista do Estado sionista israelense contra os povos árabes, em particular o povo palestino. E a política de domínio estratégico exercida pelo imperialismo norte-americano, que não se detém diante de nenhum crime, como atestam a guerra ao Iraque e o invariável apoio financeiro e militar aos agressores israelenses.
Defender a paz, na visão das forças antiimperialistas é também tomar partido do que é justo, é praticar a solidariedade com as vítimas do genocídio e da barbárie contidos nas guerras de agressão desencadeadas pelos sionistas e os imperialistas.
Palavras como paz e democracia não combinam com a conduta racista e belicista do movimento sionista espalhado pelo mundo.
A luta das forças antiimperialistas é política, nada tem a ver com reinterpretação de fatos históricos, com nacionalismo estreito e vulgar, muito menos com anti-semitismo. É uma luta pelo direito internacional, pela justiça, contra o militarismo e a guerra. Uma luta pela paz.
*Editor do Vermelho