Mulheres discutem Estado e igualdade na América Latina e Caribe
"Que tipo de Estado? Que tipo de igualdade?" é o tema da 11a Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe (Cepal) que acontece em Brasília este mês. No próximo domingo (11), o Fórum de Organizações Feministas para Articulação do Movimento de Mulheres Latinas Americanas e Caribenhas se reúne para preparação do encontro. A idéia do Fórum é promover debate sobre o tema da Conferência.
Publicado 09/07/2010 15:19
Um dos assuntos a ser abordado é o atual modelo de desenvolvimento na América Latina e Caribe, com foco na promoção da igualdade, crítica do Estado patriarcal, capitalista, racista e da democracia na região.
As contribuições dos participantes serão acrescentadas ao documento que está sendo construído em conjunto pelas organizações integrantes do Fórum, a ser apresentado na Conferência.
Na segunda feira (12), o último dia do encontro, será feita uma reflexão sobre a política de ação cultural em referência ao Haiti. Como lidar com a situação do país, por meio de uma análise crítica sobre "A História do Haiti", discutindo a invasão, o modelo de desenvolvimento e os principais riscos representados pela mudança nos países em condições de subordinação. Serão abordados também os desafios da tarefa de reconstruir o país, e, como fazer com que os haitianos sejam sujeitos ativos do processo. Ao final os participantes prestarão uma homenagem às mulheres vítimas do terremoto.
A abertura do Fórum será realizada pela ministra Nilcéa Freire, da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), Sonia Montano, diretora de Gênero da Cepal e Rebecca Tavares, representante Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) no Brasil.
Que tipo?
A 11a Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe, que ocorre na próxima semana – no período de 13 a 16 de julho, em Brasília, reunirá cerca de 800 pessoas de 53 países diferentes, entre Chefes de Estado, autoridades ministeriais, representantes de organismos internacionais e da sociedade civil para discussão do tema "Que tipo de Estado? Que tipo de Igualdade?".
A Conferência Regional, realizada a cada três anos, é órgão subsidiário da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) convocado para identificar as necessidades regionais e sub-regionais das mulheres, apresentar recomendações, realizar avaliações periódicas das atividades em cumprimento dos acordos e planos regionais e internacionais sobre o tema.
O relatório apresentado pela Cepal "Que tipo de Estado? Que tipo de Igualdade?" avalia comparativamente conquistas e desafios dos governos da região. Neste encontro, será dado especial atenção à autonomia e ao empoderamento econômico das mulheres.
Mais trabalho e menor remuneração
Segundo o relatório, não será possível conseguir a igualdade no trabalho para as mulheres enquanto não for resolvida a questão da carga de trabalho não remunerado e de cuidados que recai historicamente sobre elas. Os estudos revelam que, em todos os casos, o tempo de trabalho total é maior para as mulheres do que para os homens e as mulheres são quem dedicam a maior parte de seu tempo ao trabalho não remunerado.
O documento propõe três caminhos para alcançar a igualdade. O normativo, insistindo na titularidade de direitos para os gêneros; nas medidas econômicas determinem que tipo de macroeconomia é necessária para a igualdade; e na política, definindo que tipo de Estado é necessário para que seja possível "igualar para crescer e crescer para igualar".
O evento será inaugurado oficialmente às 10 horas de terça-feira (13), pela secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, com a presença do Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e algumas Chefes de Estado latino-americanas.
A Conferência terminará na sexta-feira (16) com a sessão de encerramento, na qual será apresentado o Consenso de Brasília, documento que reúne os acordos e compromissos dos governos e onde será fixada a futura agenda de ação.
De Brasília
Márcia Xavier