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Preocupado com tragédia em AL e PE, Lula cancela ida ao G-20

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou viagem ao Canadá para participar de reunião do G-20, grupo formado pelos países mais ricos e principais emergentes. Ele tomou a decisão após reunir-se nesta sexta-feira (25) com o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, no Palácio da Alvorada. Lula adiou a viagem para seguir acompanhando os trabalhos de ajuda aos atingidos pelas enchentes ocorridas em Alagoas e Pernambuco.

Segundo Amorim, Lula ficou “chocado” com os estragos provocados pelas chuvas em Alagoas e Pernambuco e, por isso, decidiu monitorar no Brasil as medidas de auxílio aos municípios atingidos."Ele [Lula] me comunicou que não irá à reunião do G-20. Ele deseja ficar no Brasil acompanhando as medidas que têm sido tomadas em relação aos problemas das enchentes no Nordeste”, disse o ministro. O presidente será representando no G-20 pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que já está em Toronto, no Canadá.

Segundo o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, durante as reuniões do G-20, no sábado (26) e no domingo (27), Lula defenderia a retomada do crescimento da economia mundial. No G-20, Lula também defenderia maior participação dos países emergentes nas instituições financeiras internacionais e articularia a retomada e conclusão da Rodada de Doha.

Segundo Amorim, o ministro da Fazenda está capacitado a tratar de todos os temas da reunião. “O G-20 tem temas estritamente econômicos. O ministro Mantega obviamente está mais do que capacitado a tratar de todos os temas. É preciso dizer também que essa reunião do G-20, de certa maneira, é uma reunião encaixada com uma reunião que havia do G8. A reunião do G-20 importante vai ser no final do ano, na Coreia. Então, ela é um pouco uma preparatória para o que vai acontecer na Coreia, onde o presidente estará”.

Amorim disse ainda que o impasse acerca do programa nuclear do Irã não será discutido nas reuniões do G-20. "Primeiro que o Irã não vai ser discutido no G-20, que trata de temas econômicos”, disse.

Lula chorou ao visitar cidades atingidas

Nesta quinta (24), em visita a cidades destruídas em Pernambuco e Alagoas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva circulou acompanhado de autoridades locais, andou na lama em meio a destroços e chorou. Na viagem, o presidente prometeu ajuda "sem limite" e anunciou a imediata liberação de R$ 550 milhões para ações de socorro e reconstrução das cidades destruídas.

Disse também que a liberação de mais dinheiro depende de projetos que devem ser elaborados pelas prefeituras. A viagem aconteceu uma semana depois do início da tragédia, quando as primeiras pessoas morreram. Questionado, Lula disse que não considera ter demorado para visitar os locais afetados.

Ele disse que foi a Palmares (PE) e Rio Largo (AL) para "sentir o drama" dos flagelados da tragédia, que comparou com o terremoto que atingiu o Haiti em janeiro. "Eu estive há dois meses no Haiti. Lá, acabou tudo, mas aqui sobrou pouco", declarou ele, ao subir em um carro aberto que o levou pelas ruas de Palmares, que fica a 129 km de Recife.

Na cidade, Lula ouviu pedidos para que entrasse em casas arrasadas. Pediu então um par de botas para caminhar pelas ruas com lama. Moradores o abraçavam e pediam ajuda. Muitos choravam. O presidente se emocionou ao dizer: "Um cidadão que estava ali com o pé enfiado na lama fedida podia até xingar o presidente e o governador", disse ele.

No carro, ele continuou vistoriando a cidade, como se comandasse uma carreata -atrás seguiam veículos da comitiva e da polícia. Os moradores aplaudiam e gritavam que ele era o presidente "que bota o pé na lama".

Na cidade de Rio Largo (a 27 km de Maceió, AL), Lula visitou a Ilha de Angelita, uma das áreas mais atingidas. Para chegar lá, equilibrou-se sobre um mureta de 40 cm de largura, a dois metros de altura. Centenas de pessoas corriam atrás dele, gritando por seu nome e tentando tocá-lo.

Além de Fernando Collor -que é pré-candidato do PTB ao governo estadual-, Lula circulou ao lado de Teotônio Vilela Filho (PSDB), candidato à reeleição no cargo. Collor disse que a visita de Lula era "um gesto próprio de um homem que conhece o sentimento e o coração do seu povo."
"A gente tem que ver as lágrimas que as pessoas estão colocando para fora, para ver que não pode ter limite de solidariedade numa situação como essa", disse Collor.

O número de mortes causadas pela chuva em Alagoas chegou a 34. Em Pernambuco, foram registradas 17 mortes. Nos dois estados, o número de óbitos causados pela chuva, desde a semana passada, subiu para 51. Mais de 160 mil pessoas saíram de suas casas.

Com agências