A Selação das "focas adestradas" surpreende a nação do futebol

Artigo escrito por Daniel de Freitas Nunes.

Na véspera do jogo entre o Brasil e a Coréia do Norte o comentário do jornalista da rede globo Marcos Uchôa não poderia ser mais emblemático: “a seleção da Coréia do Norte parece uma seleção de focas adestradas”. O jogo que acaba de acontecer coloca por terra todos os comentários negativos feitos à seleção da Coréia, sendo para a nação do futebol e para o mundo sem dúvida uma grande surpresa. A menosprezada Coréia do Norte travou o ataque brasileiro com uma linha de defesa sincronicamente militar. Há de se reconhecer que esta seleção era infinitamente inferior ao Brasil tecnicamente falando, mas a surpresa foi desagradável.

É obvio que os comentários feitos sobre a seleção Norte Coreana eram mais do que técnicos, eram acima de tudo políticos. Há tempos há uma campanha midiática contra o fechado regime comunista de Kin Jon Hill. Não quero aqui fazer um discurso apológico a esse ou a aquele regime político, mas apontar a ironia disso tudo. A “seleção das focas adestradas” travou o jogo por mais de 50 minutos corridos e ainda marcou um gol no melhor goleiro do mundo. Antes do jogo isso soaria como barbaridades, como falou Uchôa sobre os comentários positivos feito pelo técnico da Coréia do Norte em uma entrevista coletiva. Certamente Uchôa e sua equipe devem estar com seus poucos cabelos em pé. Afinal, o desconhecido time com jogadores de nomes difíceis de pronunciar deste longínquo país tornou a estréia da melhor seleção do mundo um fracasso. Esse “oba-oba” lembra muito o clima de 2006 onde a seleção do quarteto fantástico envolta de um favoritismo desmedido tropeçou ainda nas quartas de finais. O desprezo pela fechada Coréia do Norte no final se transformou em descontentamento com a seleção, como disse o experiente comentarista Carlos Casagrande em rede nacional, “foi a pior estréia da copa”.

Espero que hoje se tenha aprendido uma lição: não devemos menosprezar nossos adversários, seja por motivos técnicos ou visivelmente políticos como foi o caso da Coréia do Norte. Antes de tudo como gosta de falar os comentaristas da rede globo, no futebol tem de se haver respeito, tanto por parte dos jogadores como por parte daqueles que trabalham com o futebol, mas não foi isso que pude observar nos comentários feitos sobre a Coréia do Norte. Tais comentários se resumiam a piadas de mau gosto, carregadas ideologicamente de sarcasmo e desprezo. Certamente hoje o time de comentaristas da rede globo irão pensar melhor seus conceitos ao criticar o próximo adversário do Brasil no mundial.

Daniel de Freitas é acadêmico do curso de História da Universidade Federal do Tocantins, Secretario do Formação da UJS Tocantins e militante do PCdoB.