Amigos de brasileira pedem auxílio ao Itamaraty após ataque
Horas após soldados israelenses atacarem a "Flotilha da Liberdade", um grupo de seis navios que transportava mais de 750 pessoas com ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, colegas da cineasta e ativista brasileira Iara Lee enviaram uma carta ao ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, e ao assessor da presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.
Publicado 31/05/2010 16:18
No documento, ao qual o Opera Mundi teve acesso, pediram que o governo brasileiro tome as providências para assegurar a integridade de Iara. No ataque, pelo menos 19 pessoas morreram e 36 ficaram feridas, segundo a televisão israelense, e não se sabe o paradeiro da brasileira.
Ela afirmou que o material de construção levado pelo comboios seria usado na reconstrução das casas destruídas na ofensiva à Faixa de Gaza de dezembro de 2008 e janeiro de 2009. A operação deixou 1.314 mortos, mais da metade civis, e cerca de cinco mil feridos e mutilados no território palestino. No mesmo período, 13 israelenses morreram. O Estado de Israel nega que tenha havido uma ofensiva em Gaza, mas sim uma atitude de combate ao terrorismo.
“Israel agiu à revelia da lei internacional, não se trata de uma guerra. É uma tentativa de impedir a chegada de ajuda humanitária em Gaza”, disse Arlene. “Aquela missão não ia salvar a vida de 1,5 milhão de pessoas que vivem em Gaza, sob o bloqueio israelense, sem água, sem comida, que não tem nem café para tomar. Mas isso seria uma ajuda significativa”, concluiu.
Gaza é atualmente a região mais dependente do mundo, segundo o economista israelense Shir Hever. Em entrevista ao Opera Mundi, o mestre em História e Filosofia pelo Instituto Cohen, na Universidade de Tel Aviv, explicou que “de 70% a 80% da população recebem a maioria de suas calorias através de ajuda e que os 20% restantes suplementam a alimentação com a ajuda humanitária”.
Reações
O governo brasileiro condenou o ataque da Marinha de Israel. Segundo a nota oficial emitida pelo Itamaraty, o ataque foi agravado por "ter ocorrido, segundo as informações disponíveis, em águas internacionais". O Itamaraty ainda diz que "o Brasil considera que o incidente deva ser objeto de investigação independente, que esclareça plenamente os fatos à luz do Direito Humanitário e do Direito Internacional como um todo". A Secretaria de Relações Internacionais do PT (Partido dos Trabalhadores) também condenou a agressão.
O porta-voz da Casa Branca, Bill Burton, citado pelo jornal Washington Post, afirmou em um comunicado que os EUA “lamentam profundamente a perda de vidas e os feridos”, mas não condenou israel.
O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan acusou Israel de ter cometido um ato de terrorismo de Estado e caracterizou a ordem de atacar como uma ''ação desumana" e pediu que o Conselho de Segurança da Organização da ONU se reúna com urgência na sede da entidade, em Nova York. A Turquia solicitou o retorno de seu embaixador em Israel.
Mais cedo, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, havia se declarado "chocado" devido ao ataque e rechaçado o episódio.
Fonte: Opera Mundi