Com Dornelles queimado e Serra empacado, PP deve ficar neutro
A queda nas pesquisas de opinião emperrou a costura de aliança do PP com o PSDB em apoio à candidatura do tucano José Serra à Presidência.Com o empate com a candidata do governo Lula, a petista Dilma Rousseff registrado no último Datafolha, o PP prefere esperar a evolução das pesquisas para tomar uma decisão. Segundo integrantes do partido, hoje prevalece a tese de neutralidade.
Publicado 26/05/2010 11:58
A proposta tem eco mesmo entre os aliados ao PSDB em âmbito estadual. Candidato ao Senado na chapa de Beto Richa no Paraná, o deputado Ricardo Barros afirma que o PP vai esperar pelas próximas pesquisas. "O ideal é que o PP fique liberado, como nas outras três eleições", defende Barros.
"Deixa livre e, nos Estados, casa com quem quiser", afirma o deputado Luiz Heinze, aliado ao PSDB do RS.
Dornelles sujou a ficha e perdeu a vaga
O PP estava animado com a possibilidade de indicar o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) à vaga de vice na chapa encabeçada por Serra. Mas durante a recente votação do projeto chamado Ficha Limpa, Dornelles protagonizou uma manobra que fez o projeto perder eficácia. A emenda de Dornelles condicionou a inelegibilidade de candidatos "ficha suja" a condenações proferidas somente após a vigência da nova lei. Para tanto, trocou a expressão "os que tenham sido" pela expressão "os que forem" (condenados).
Essa mudança foi muito criticada por parlamentares de outros partidos, analistas políticos e pelas entidades que defendiam o projeto Ficha Limpa. Eles viram na emenda de Dornelles uma manobra para favorecer políticos que já estão condenados por órgãos colegiados, como é o caso do ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, que pertence ao mesmo partido do senador.
Com a repercussão negativa do caso, Dornelles passou a ser uma figura indesejável na chapa de Serra e, assim, perdeu a chance de ser indicado vice. E, sem a vaga de vice, o PP avalia que não tem muito a ganhar apoiando a candidatura tucana.
PTB anuncia apoio e já recebe favores
Apostando no horário político para reversão dos números, o comando de campanha de Serra assumiu a produção do programa que o PTB –futuro aliado da sigla– exibirá em 24 de junho. Segundo o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson (RJ), a produção dos dez minutos veiculados em bloco nacional ficará a cargo do coordenador de comunicação da campanha de Serra, o jornalista Luiz Gonzalez.
"A produção é do Serra. O programa é para o Serra, quem produz é ele", disse Jefferson, sem meias palavras, após almoçar com o candidato tucano na sede do PSDB em Brasília. A legislação eleitoral proíbe que pessoas não ligadas ao partido participem do programa partidário de outra legenda. Mas esta ilegalidade parece não incomodar o comando da campanha tucana que já está controlando também os programas do DEM e do PPS.
Na terça, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, se reúne com Jefferson, Gonzalez e o tesoureiro do PTB, Benito Gama, para discutir o programa, que exibirá cenas da convenção que deverá anunciar o apoio ao tucano.
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