Irã dá passo importante para evitar sanções
O Irã entregou nesta segunda-feira (24) à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a carta com os detalhes do acordo de troca de material nuclear assinado na última segunda-feira (17) com Brasil e Turquia. A República Islâmica classificou o acordo como um passo importante no caminho da solução de um impasse com potências mundiais que agora buscam a imposição de sanções ao Irã.
Publicado 24/05/2010 13:15
Uma carta assinada pelo chefe do programa nuclear do Irã, Ali Akbar Salehi, foi entregue ao secretário-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Yuliya Amano, durante reunião de 45 minutos em Viena.
O porta-voz do Ministério do Exterior do Irã, Ramin Mehmanparast, disse que o país aceitou o acordo de troca de combustível nuclear para mostrar boa fé aos esforços de reduzir as tensões sobre seu programa nuclear, que o país reitera ser inteiramente pacífico. O documento deve ser também encaminhado para avaliação dos Estados Unidos, França e Rússia.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que a entrega da carta à Aiea pelo Irã é o primeiro passo para o cumprimento do acordo sobre a troca de material nuclear.
“Tudo aquilo que foi acordado conosco, está começando a ser cumprido agora. Depois da carta vêm as conversas com a agência, vem o depósito do urânio na Turquia, e depois, aí, o prazo para que o Irã receba já o urânio enriquecido”, avaliou Lula durante o programa de rádio Café com o Presidente.
Lula disse que o acordo foi a “abertura para começar as negociações” sobre o programa nuclear iraniano, que preocupa as potências ocidentais. “Nós não fomos lá para negociar acordo nuclear. Fomos lá para tentar convencer o Irã a aceitar uma proposta feita pela Turquia e pelo Brasil, de sentar à mesa de negociações, e isso nós conseguimos”, disse Lula.
Manifestações de apoio
O presidente da Síria – país do Oriente Médio também ameaçado de agressões dos EUA e Israel –, Bashar al-Assad, defendeu a busca da diplomacia para encerrar o impasse envolvendo o programa nuclear do Irã.
As informações são da agência iraniana oficial de notícias, a Irna. O presidente da Síria afirmou que a solução para evitar o agravamento da crise deve ocorrer por intermédio da “diplomacia” e do “diálogo”. As afirmações ocorreram durante reunião entre al-Assad e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Guido Westerwelle.
Posicionamento imperialista
A expectativa dos governos do Irã, Brasil e da Turquia é impedir a aprovação de sanções, no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, contra os iranianos. Apesar da mobilização internacional os Estados Unidos mais uma vez fecham os olhos para o acordo pacificador – protagonizado pelo presidente Lula – e atuam paralelamente, levantando dúvidas sobre o eventual cumprimento do acordo e seus efeitos por parte do Irã.
Mais uma vez, a política imperialista estadunidense ignora a diplomacia internacional e mantém a campanha em defesa das sanções.
O discurso ameaçador contra o Irã foi reforçado nesta segunda-feira (24) pelo vice-premiê israelense, Dan Meridor. Segundo ele, as sanções internacionais contra o Irã podem ter resultados positivos, dando um tom otimista aos esforços das potências ocidentais contra o programa nuclear iraniano.
Israel – único país do Oriente Médio que possui armamento atômico – diz que um Irã com armas nucleares seria uma ameaça à sua existência, apesar da insistência da República Islâmica a respeito do caráter pacífico do seu programa nuclear.
Meridor, que é membro do núcleo ministerial para assuntos estratégicos e titular da pasta responsável por questões nucleares e de inteligência, disse que "a cada dia (o Irã) fica mais perto da capacidade que deseja".
Acordo
O acordo, assinado há uma semana, prevê que o Irã troque 1,2 mil quilos de urânio levemente enriquecido a 3,5% por 120 quilos do produto enriquecido a 20%.
No Brasil, a iniciativa diplomática do governo Lula alcançou amplo apoio. Entre as forças de esquerda, o PCdoB, acaba de se manifestar por intermédio de Resolução Política contra as sanções, que não passam de um engendro imperialista.
Da Redação, com agências