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'Viver a vida' cumpriu objetivo de entorpecer

Terminou nesta sexta-feira mais uma "Novela das Oito" que, apesar do nome, é exibida pontualmente às nove horas. Antes que algum português faça piada conosco por causa disso, convém lembrar que esse delay não é exclusividade de país subdesenvolvido.

Por José Luiz Teixeira

Na civilizadíssima Inglaterra, o "Chá das Cinco" é tomado às quatro e ninguém repara.

Não aprendi isso vendo novela, obviamente, mesmo porque não me considero um noveleiro.

Mas também não sou um analfabeto no assunto, pois sempre assisto a alguns capítulos do nosso folhetim mais importante, logo após o "Jornal Nacional".

Faço isso para conhecer as personagens principais e para não ficar por fora das conversas e bordões que acabam caindo no domínio público.

Quando ignoro alguma novela das oito, acabo me passando por bobo ao ouvir nomes e expressões que não sei a origem ou significado.

No ano passado, por exemplo, levei semanas para perceber que a palavra "inshallah" (o nosso popular "oxalá"), que todo mundo repetia exaustivamente, era um bordão de "Caminho das Índias".

"Viver a Vida", que se encerrou ontem, não foi uma novela marcante quanto essa sua antecessora que teve a ousadia de se passar na Índia.

No entanto, pelo pouco que assisti creio que cumpriu bem seu script, embora tenha somente repetido clichês em sua trama.

Isso, porém, tem tão pouca importância quanto minhas opiniões; não creio que as pessoas assistam novela por causa da trama.

Acredito que as paisagens e as personagens são o que atrai, de verdade, o telespectador. É a beleza artificial da TV.

É a possibilidade de ver lugares e pessoas bonitas no seu dia-a-dia, na sua intimidade, em seus momentos de maior emoção.

É aquela história do meio deixar de ser a mensagem para se tornar a massagem.

Nós ficamos ali, esparramados no sofá, sem precisar pensar em nada, deixando apenas o áudio e o vídeo massagearam nossos cérebros preguiçosos.

Nesse aspecto, o folhetim de Manoel Carlos, dirigido bem ao estilo de Jaime Monjardim, deitou o rolou.

Não economizou nas melhores canções, nas lindas imagens da cidade do Rio de Janeiro, de Búzios, de Paris, da Jordânia, e tampouco no desfile de galãs e beldades.

As mulheres puderam apreciar dorsos bem torneados de atores como Mateus Solano, Thiago Lacerda e, para as mais maduras, José Mayer.

Nós, homens, fomos brindados com os corpos ardentes de Alinne Moraes, Taís Araújo e Giovanna Antonelli, entre outras.

Eu ainda tive um "chorinho": a presença de uma antiga paixão virtual, Natalia do Valle, minha eterna "Bonitona do Morumbi".

José Luiz Teixeira é jornalista. Formado pela Faculdade Cásper Líbero, trabalhou em diversos órgãos de imprensa, entre os quais as rádios Gazeta, Tupi e BBC de Londres, e os jornais O Globo, Folha de S.Paulo e Folha da Tarde. Fonte: Terra