EUA fazem mais barulho com visita de Lula ao Irã
Os Estados Unidos alegaram nesta sexta-feira (14) que a próxima visita do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Irã não vai impedir que o país procure adotar novas sanções contra o país persa, segundo deu a entender a embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice.
Publicado 14/05/2010 17:17
"Na verdade, o Conselho de Segurança mais a Alemanha está trabalhando intensamente e tem feito um bom progresso na questão", disse Rice a repórteres na sede da ONU em Nova York.
Lula visitará Teerã à frente de uma delegação de 300 membros do Brasil, para participar da 14 ª Cúpula do Grupo dos 15 (G15), que será realizada em 17 de maio no Irã. O Brasil, um membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU, intensificou os esforços para encontrar uma solução diplomática para a questão nuclear iraniana.
No entanto, os Estados Unidos insistem na via da pressão. "Nós sempre mantivemos uma política de duas vias: Pressão e oportunidade para o engajamento diplomático", trombeteou Rice. "O progresso, na verdade, pode fortalecer Lula caso ele disser a Teerã que a pressão está aumentando contra eles", advoga Rice.
Lula está otimista
Em visita à Rùssia, o presidente brasileiro foi recebido nesta sexta-feira por seu homólogo, Dmitri Medviédev. Ambos conversaram sobre a questão nuclear iraniana e o presidente russo teve uma posição menos otimista que Lula.
Para Medviédev, há cerca de 30% de probabilidades do Irã negociar nos termos propostos atualmente de, em troca de combustível nuclear que Teerã necessita, enriquecer o urânio fora do país. Já Lula afirmou ser otimista e que, numa escala de 0 a 10, sua nota é 9,9 para a chance da negociação seguir adiante.
A exemplo do Brasil, o governo russo busca o diálogo como alternativa para evitar sanções ao Irã impostas pelos Estados Unidos e seus aliados. O agente das sanções seria o Conselho de Segurança da ONU, do qual a Rússia é membro e tem direito a veto – ao lado dos Estados Unidos, da França, China e Reino Unido.
Para Medviédev, a visita de Lula ao Irã pode ser a última tentativa de um acordo antes que os EUA e seus aliados apliquem sanções ao país. "A minha missão é menos complicada do que a do presidente Lula. Eu fico em Moscou, ele vai a Teerã [capital do Irã]. Não vai ser uma viagem muito simples”, avaliou.
Durante a entrevista coletiva no Kremlin, sede do governo russo, Lula afirmou que o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, tem um “lado interessante”, por meio do qual se pode construir o acordo nuclear. Ele disse também que vai a Teerã com a convicção de haver condições para o acordo ser firmado, mas que, se isso não for possível, volta para casa satisfeito por não ter sido omisso.
Caminho das sanções é falso
São positivos os esforços do presidente Lula para promover o diálogo com o Irã e criar um clima de entendimento em torno da questão nuclear. Mais difícil é convencer o imperialismo de que o caminho que escolheu de aplicar sanções ao Irã em qualquer circunstância é falso e constitui fator de deterioração da situação internacional.
O Irã, como o Brasil e qualquer outro país soberano, tem direito à geração da energia nuclear para fins pacíficos. O problema é que os Estados Unidos não aceitam esse princípio.
Em nome da não proliferação o imperialismo norte-americano pretende impor aos países não detentores das armas nucleares as cláusulas draconianas do protocolo adicional do Tratado de Não Proliferação, com o que o Brasil também não tem estado de acordo.
Da redação, com agências