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Arrastado pela crise fiscal na Europa, bolsa paulista cai 3,43%

A crise fiscal que abala a União Europeia está disseminando pessimismo e mau humor nos mercados de capitais. O Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo) desabou 3,43% nesta terça-feira, fechando aos 66.511,10 pontos. Foi o segundo dia consecutivo de perda. A queda acumulada no mês foi de 5,5%. No ano, o prejuízo é menor, de 3%. Até sexta-feira, a Bolsa estava na casa dos 69 mil pontos, mas agora foi para os 66 mil e parece longe de recuperar os níveis pré-crise.

O dólar caminhou no sentido contrário, confirmando que nas crises a moeda norte-americana tende a se fortalecer perante o real. A cotação do dólar comercial fechou em alta de 1,09%, a R$ 1,765 na venda. No mês, o dólar ainda acumula baixa de 0,9%, enquanto no ano o ganho é de 1,26%.

Grécia e Portugal

O rebaixamento das notas de Grécia e Portugal pela agência de classificação de risco Standard & Poor's é apontado pelo mercado como principal motivo do desempenho negativo. Quando uma agência reduz a nota de um país, significa que há mais riscos para investir.
"Lá fora, o mercado estressou com os cortes das notas de Portugal e da Grécia, e a queda do Ibovespa se aprofundou", disse o diretor da Interbolsa, Edson Marcellino, em entrevista ao Valor.

A Standard & Poor's (S&P) rebaixou a nota do país em três pontos, de "BBB+" para "BB+", fazendo com que o país perca o grau de investimento. Assim, a Grécia ficou em área "especulativa" para investimentos ("junk"). A perspectiva é negativa, o que significa que a S&P pode rebaixar o país novamente.

A dívida soberana de longo prazo de Portugal também foi rebaixada, de "A+" para "A-". O rating de crédito de curto prazo caiu de "A-1" para "A-2". As notas têm perspectiva negativa, ou seja, é possível que a classificação piore no futuro.

Risco

Para a instituição, a piora na classificação reflete os maiores riscos que Portugal enfrenta agora, com aumento da escassez de financiamento externo e pouca competitividade global.
Ao mesmo tempo, a agência atribuiu nota 4 para as emissões da dívida do país, o que significa a estimativa de que os compradores de bônus podem recuperar apenas de 30% a 50% do valor dos seus investimentos no caso de moratória, que se torna a cada dia mais provável e pode se tornar realidade, a menos que haja um efetivo e forte .

O rebaixamento, segundo a S&P, resulta de novas avaliações dos riscos enfrentados pela economia do país. As opções do governo estão escasseando, por causa das baixas perspectivas de crescimento e das crescentes pressões para medidas de ajuste fiscal, diz a agência. "Os riscos de financiamento de médio prazo relacionados à elevada dívida pública estão crescendo, apesar dos planos de consolidação do governo", afirmam os analistas, em nota.

Em dezembro de 2009, a Standard & Poor's já tinha cortado a nota soberana da Grécia de"A-"para"BBB+". Além disso, a classificação foi colocada em perspectiva negativa. No fim de fevereiro, a S & P optou por manter a nota, mas alertou sobre uma nova redução.

Déficit nos EUA

Antes mesmo dos anúncios, o mercado adotava maior cautela no pregão, analisando o pronunciamento de executivos do Goldman Sachs no Congresso americano. Além disso, a fala do presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, Ben Bernanke, também foi avaliada pelos agentes.

O dirigente afirmou que o fracasso em diminuir os déficits orçamentários federais pode causar um "grande prejuízo" para a economia americana no longo prazo. Bernanke pediu à Casa Branca e ao Congresso que elaborem um plano crível para reduzir a conta vermelha do país, que ficou em US$ 1,4 trilhão no ano passado.

Não conseguir cortar o déficit significa taxa de juros mais altas, não apenas para os americanos comprarem carros, casas e outros bens, como também para o próprio país na hora de honrar seus compromissos da dívida, sustentou Bernanke.
Essa situação, continuou o representante do Fed, pode afetar a atividade econômica nacional e pode fazer com que os empregadores deixem de contratar.

Outro fator que preocupa o mercado é que a possibilidade de nova alta da taxa básica de juros (Selic), que pode ser definida na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que teve início nesta terça. O mercado aposta num aumento dos juros entre 0,75% a 1%.

Da redação, com agências