Covisa não tem estrutura para trabalhar
Com solo contaminado em diversas áreas da cidade de São Paulo, postos de gasolina em área de preservação permanente e a população morando em lixões; a COVISA (Coordenação de Vigilância em Saúde) não tem carro para trabalhar e possui apenas 17 funcionários em sua Gerência de Saúde Ambiental.
Publicado 23/04/2010 12:36 | Editado 04/03/2020 17:18
A sexta reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covisa recebeu nesta terça-feira (20), a gerente de saúde ambiental Vera Lúcia Anacleto Cardoso Allegro para responder questões sobre a contaminação do solo, visto que é a Coordenação de vigilância em saúde responsável pelo acompanhamento da população exposta aos contaminantes.
Participaram também da reunião a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), o Serviço Funerário da Prefeitura e o Departamento de Controle da Qualidade Ambiental (DECONT), divisão técnica da Secretaria de Meio Ambiente.
Vera Lúcia Anacleto relatou à CPI que, sua gerência ainda é recente e está sendo organizada desde 2004, ano da criação da Covisa, tendo um quadro técnico enxuto. “Nós temos em São Paulo mais de 780 áreas contaminadas (sem identificação da rota de exposição) e com certeza com apenas 17 técnicos não conseguimos alcançar agilidade desejada”.
“Nós vamos esperar até quando? As pessoas estão expostas à contaminação; estão morrendo. Não podemos esperar a equipe ser montada. Estamos esperando há seis anos”, rebateu Jamil Murad, relator da CPI.
Cemitérios
Após denuncias de alguns órgãos da imprensa, o Serviço Funerário e a CETESB exigiram estudo de comprovação fiscalizatória, que até agora não foi concluído, para verificar a contaminação dos lençóis freáticos por liquame funerário, escoamento viscoso, com coloração acinzentada, cuja composição é 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de substâncias orgânicas, duas delas altamente tóxicas, a putresina e a cadaverina.
Além dessas denúncias, há também dois cemitérios privados em área de preservação permanente (APP), o Parque dos Pinheiros e Parque dos Girassóis. A Gerência de Saúde Ambiental da COVISA desconhecia o caso até a intervenção dos vereadores durante a reunião da CPI.
Celso Jorge Caldeira, superintendente do Serviço Funerário, alertou para a falta de funcionários técnicos especializados. “Não estamos preparados para a demanda atual. Temos 1.600 funcionários que nunca tiveram nenhum tipo de plano de recursos humanos, atendimento psicológico e que recebe muito pouco”, disse Caldeira.
O superintendente destacou a cremação como alternativa para São Paulo, pois apenas 10% utiliza o serviço, enquanto nos Estados Unidos 55%, na Europa 70% e no Japão o serviço atinge 100%.
Lixão: Perigo constante para a população de baixa renda
O antigo aterro da zona norte, localizado na Rua Mendonça Jr, há 20 anos deixou marcas por toda a região. Somente no bairro Vila Nova Cachoeirinha há indícios de três lugares contaminados por gás metano: a Escola Infantil Vicente Paulo da Silva, a quadra de futebol da Freguesia do Ó e o Conjunto Habitacional Vila Nova Cachoeirinha.
O gás é derivado da decomposição de lixo orgânico, possui pouca solubilidade na água e, quando adicionado ao ar, torna-se altamente explosivo.
Vera Lúcia Anacleto, gerente de saúde ambiental, não sabia da contaminação, mas, segundo o gerente do departamento de planejamento de ações de controle, informações e análises ambientais, Mauro Kazuo Sato, a CETESB autuou a COHAB pela construção das moradias sobre o aterro. “A COHAB tem atendido, mas está aquém do esperado,” completou.
O DECONT continou a denúncia, “Existem mais duas áreas contaminadas que necessitam averiguação, o Jardim Namacemo e Jd. América,” alertou a geógrafa Maria Raquel Pacheco.
“Parece que a fiscalização só funciona de acordo com as denúncias de jornais, “apagando incêndio”. Não é uma ação preventiva, é morosa”, argumentou Jamil Murad.
A reunião da CPI da Covisa acontece às terças – feiras, às dez horas da manhã, no Plenário 1º de Maio da Câmara Municipal