PMDB ganha e Roriz perde na eleição indireta do Distrito Federal
Com 13 votos, Rogério Rosso e Ivelise Longhi, do PMDB, foram escolhidos governador e vice do Distrito Federal , em eleição realizada na Câmara Legislativa. O candidato do PCdoB, Messias de Souza, abriu mão da candidatura em favor da unidade para derrotar o candidato do ex-governador Joaquim Roriz, Wilson Lima. A posse será na próxima segunda-feira (19).
Publicado 17/04/2010 21:14
Rosso anunciou que cumprirá o estabelecido na Carta Compromisso assinada por nove partidos, PCdoB inclusive, com medidas para garantir a moralidade no tratamento dos recursos públicos e na colaboração com o Ministério Público e a Polícia Federal nas investigações da Operação Caixa de Pandora.
O novo governador, de 41 anos, vai cumprir um mandato-tampão até 31 de dezembro, substituindo José Roberto Arruda (ex-DEM), que está sendo processado por corrupção e que, durante sua prisão, foi cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Rosso e Ivelise chegaram a participar dos governos de Joaquim Roriz (quando este era do PMDB) e de Arruda, mas romperam com os dois governantes. Eles integram o grupo de peemedebistas que apóia a pré-candidata Dilma Roussef (PT) para a sucessão do presidente Lula. Na entrevista coletiva que deu após o resultado da eleição, Rosso reafirmou um dos pontos da Carta Compromisso: “Contrato irregular é suspenso. Contrato regular continua”, disse.
Comunistas consideram resultado positivo
O presidente do PCdoB-DF, Augusto Madeira, considerou positivo o resultado. “Conseguimos derrotar Wilson Lima, que havia feito acordo com o grupo de Joaquim Roriz, o que facilitaria a campanha desse ex-governador para as eleições de outubro. Roriz se encontrou recentemente com Fernando Henrique Cardoso para tratar do palanque de José Serra em Brasília”.
O candidato do PCdoB ao governo, Messias de Souza, fez seu discurso na Câmara Legislativa explicando o porquê de renunciar à eleição indireta (ele mantém sua candidatura para o pleito direto): “Nosso objetivo era colocar em discussão um plano para a recuperação de Brasília. E isso o fizemos. Nosso objetivo era estabelecer pontos de governança para este mandato-tampão, e isso foi acertado na Carta Compromisso dos nove partidos. Não temos nenhum parlamentar na Câmara e por isso apresentamos nossa renúncia, neste momento, para que nossa candidatura não sirva de pretexto para a divisão de votos, o que pode levar a uma vitória do retrocesso neste colégio eleitoral”.
Além de Messias, Aguinaldo de Jesus, do PRB, também desistiu de concorrer, explicando que uma possível vitória sua o impossibilitaria de candidatar-se à reeleição como deputado distrital. As seis chapas tiveram direito de discursar da tribuna do plenário: cinco minutos para o candidato ao governo e três para o vice. Apenas o governador em exercício, Wilson Lima (PR), também candidato, abusou do prazo e falou por 16 minutos.
Enquanto deputados distritais discursavam, do lado de fora da Câmara alguns manifestantes protestavam contra a eleição. Tentaram invadir o edifício e houve confronto com a Polícia. Duas pessoas foram presas. Dois manifestantes e dois policiais foram feridos.
Governo suprapartidário
Rosso recebeu 13 votos. O candidato do PT, Antonio Ibañez, teve seis votos (os quatro do PT, um do PDT e um do DEM). O governador interino, Wilson Lima (PR), teve quatro votos. Um deputado do DEM se absteve.
Questionado sobre o fato de ter recebido o voto de todos os distritais citados no inquérito do mensalão do DEM, o novo governador afirmou que "a Câmara é formada por 24 parlamentares" e lembrou que o Judiciário "autorizou, avalizou a participação de todos".
Sobre ter feito parte tanto do governo de Joaquim Roriz como do governo Arruda, Rosso procurou demonstrar independência. "Eu me chamo Rogério Rosso e ela se chama Ivelise Longhi", disse. "Quando a gente trabalha em um governo, exerce funções técnicas. Isso não denigre absolutamente minha avaliação".
Segundo ele, a vitória do PMDB foi fruto de um "entendimento partidário", além da "análise das propostas e dos candidatos". "Ninguém tem bola de cristal, democracia é isso", disse. O novo comandante do DF também prometeu um "governo de coalizão e suprapartidário".
Rosso afirmou ainda que vai trabalhar para que "não seja necessária a intervenção". "Vamos trabalhar para mostrar para o Poder Judiciário que não é necessária a intervenção", disse Rosso sobre o pedido feito pela Procuradoria Geral da República que está em tramitação no Supremo Tribunal Federal.
"Respeito o Roberto Gurgel (procurador-geral da República), espero que ele respeite o nosso posicionamento. A intervenção é o pior, até os juristas têm dificuldades de saber a dimensão dela", acrescentou ele.
A campanha do PCdoB
Messias de Souza garantiu a visibilidade de seu partido durante o processo eleitoral. “A minha candidatura, juntamente com a da camarada Olgamir Amância para vice, neste pleito indireto, serviu também para mostrar um resgate de militantes históricos do PCdoB brasiliense. Recupera o fio de nossa história e o identifica com a nova militância, que está ingressando agora. É um movimento importante para nós, em Brasília”, justifica Messias.
Um resultado da exposição do candidato na mídia foi registrado pelo instituto O&P Brasil. Sua mais recente pesquisa sobre os candidatos ao legislativo no Distrito Federal, realizada entre os dias 10 e 13 de abril, entrevistou 1.200 brasilienses e tem margem de erro de 2,9%. O candidato do PCdoB ao governo foi lembrado pelos eleitores para uma cadeira na Câmara Federal.
“O fato evidencia que nossas propostas para suplantar a crise de Brasília encontram eco no eleitorado”, comemora o presidente do PCdoB, Augusto Madeira.
Carlos Pompe, de Brasília