Recado à ONU: Haiti precisa reconstrir também instituições
Para além da imprescindível ajuda financeira para a reconstrução, a conferência internacional sobre o Haiti, a celebrar-se amanhã na ONU, deve atender também à reabilitação e desenvolvimento institucional desse devastado país.
Publicado 30/03/2010 16:13
Para além da imprescindível ajuda financeira para a reconstrução, a conferência internacional sobre o Haiti, a celebrar-se amanhã na ONU, deve atender também à reabilitação e desenvolvimento institucional desse devastado país.
Às vésperas da reunião, o centro da atenção está focado nos números relacionados com a assistência que requer a nação caribenha, para fixar as bases da refundação material da nação caribenha.
Cifras que sobem até os 11 bilhões e 500 milhões de dólares em um período de 10 anos e a 3 bilhões e 800 milhões para os próximos 18 meses, segundo cálculos da ONU e de seu secretário geral, Ban Ki-Moon.
As somas são para o enfrentamento do saldo deixado pelo terremoto de 12 de janeiro: mais de 222 mil mortos, 310 mil feridos, 869 desaparecidos, 1,3 milhão de pessoas sem moradia e mais de 766 mil deslocados, além de danos no valor de 7,7 bilhões de dólares.
No entanto, a grande dimensão dessas quantidades não pode diminuir a parte intangível do esforço por um país que, antes do terremoto, era o mais pobre do hemisfério ocidental e constante vítima de manobras dentro do tabuleiro político internacional.
Uma advertência nesse sentido foi lançada ontem pelo chefe da Missão de Estabilização da ONU no Haiti, Edmond Mulet, que assinalou que o fortalecimento das instituições é uma das maiores prioridades no processo de reconstrução nacional.
Em conferência de imprensa, o servidor público, de nacionalidade guatemalteca, considerou que esse trabalho representa ao mesmo tempo uma oportunidade para reforçar o Estado haitiano, marcado por uma acentuada debilidade desde antes da catástrofe.
Mulet recusou os argumentos que esgrimem a existência de corrupção na administração do Haiti para não cooperar com o governo na edificação do país e sustentou que a comunidade internacional tem responsabilidade nessas debilidades.
"Se não enfrentamos essa situação agora mesmo, teremos operações de paz e intervenções internacionais no Haiti durante os próximos 200 anos", afirmou.
O representante da ONU destacou que as autoridades haitianas trabalham para realizar eleições antes do final deste ano. As eleições legislativas estavam previstas para fevereiro passado e foram canceladas devido à tragédia.
À conferência internacional de amanhã, em Nova York, assistirão representantes de uma centena de países e organismos internacionais.
A lista é encabeçada pelo presidente haitiano, René Preval, e seu premiê, Jean Max Bellerive, além do ex-presidente dos Estados Unidos e enviado especial da ONU para Haiti, William Clinton, e a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton.
Junto com Preval estarão também os titulares do Senado, Kelly Bastien, e da Câmara de Deputados, Louis Jeune, o ministro de Economia, Ronald Beaudin, o governador do Banco Central, Charles Castel, e o prefeito de Porto Príncipe, Jean Yves Jason.
Também assistirão emissários dos bancos Mundial, Interamericano de Desenvolvimento e Caribenho de Desenvolvimento e do Fundo Monetário Internacional e representantes do setor privado e de Organizações Não Governamentais.
O encontro estará co-presidido por Brasil, Canadá, França, Espanha e a União Europeia e tem por antecedente imediato uma conferência técnica preparatória realizada há duas semanas em Santo Domingo.
Na capital dominicana, emissários de 28 países analisaram um Plano de Ação Nacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento do Haiti e a avaliação de danos e necessidades depois do desastre, preparados pelas autoridades haitianas.
Com Prensa Latina