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Fascistas ofendem Fidel e Raúl na Câmara dos Deputados

A foto do presidente Lula com os líderes cubanos, Fidel e Raúl Castro, produziu um bate-boca na sessão plenária da Câmara na manhã desta quinta-feira (25). A acusação do deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) de que o presidente tirou “foto ao lado de assassinos, em Cuba” provocou a reação imediata dos deputados da base aliada. A deputada Vanessa Graziottin (PCdoB-AM), presidente da Grupo Parlamentar Brasil-Cuba, pediu a retirada dos Anais da Casa das expressões utilizadas pelo deputado.

Temer encerrou a discussão entre os parlamentares dizendo que “a Presidência da Câmara dá uma palavra oficial sobre esse tema: nós repudiaremos — eu o faço em nome da Mesa Diretora — toda e qualquer atitude antidemocrática e agressiva a qualquer país do mundo. Esta é a posição oficial da Presidência da Câmara.”

As palavras de Aleluia despertaram a fúria do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), conhecido por suas atitudes anticomunista e sua fraseologia agressiva que, descumprindo o regimento e interrompendo a fala da deputada, gritou “Assassino é elogio para ele, para aquela cambada.”

A líder do PCdoB na Câmara queixou-se da falta de educação do parlamentar e insistiu no pedido de retirada das palavras de Aleluia da ata da sessão plenária.

Ela explicou que “o assassino a que esse senhor se refere é o presidente de um país, cujo nosso querido Brasil tem relações amistosas, relações oficiais”, acrescentando que “tenho muitas divergências com o presidente dos Estados Unidos, país que mantém até hoje Guantânamo funcionando, que mantém cinco presos políticos cubanos sem sequer serem julgados em território americano, mas jamais tratarei o presidente norte-americano com tamanho desrespeito, como o fez o deputado que acaba de deixar a tribuna.”

Um cubano X 70 iraquianos

Aleluia continuou esbravejando, acusando Fidel Castro de assassino. Para conter o bate-boca, Temer disse que só deixaria os deputados falarem sobre o decreto em votação. O deputado Nilson Mourão (PT-AC) fez então um apelo aos deputados do DEM para votar as matérias que estão em pauta, acrescentando que “é lamentável para todos nós, a morte que ocorreu em Cuba, o que deixou o deputado Aleluia extremamente comovido. Lamentavelmente, não vi o deputado Aleluia comovido quando o Governo dos Estados Unidos matou 70 iraquianos e foi para a televisão simplesmente pedir desculpas”, ironizou.

O deputado José Genoíno (PT-SP) entrou no debate para elogiar a atitude do presidente da Câmara, que considerou “uma posição equilibrada”. “O Brasil tem uma tradição democrática e de respeito à autonomia dos povos e dos países. Essa posição ideologizada e sectária de alguns membros da Oposição não condiz com a política externa brasileira, seja o que acontece neste ou naquele país”, afirmou.

O caso que produziu o debate foi a morte do cubano chamado Orlando Zapata Tamayo, dissidente da ilha, que fazia greve de fome há mais de 80 dias. Com muita tranquilidade, o governo de Cuba lamentou aquele que é o primeiro falecimento de um preso político cubano desde 1972.

Da sucursal de Brasília,
Márcia Xavier

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