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Com ajuda internacional, Haiti comandará a própria reconstrução

O Haiti quer ajuda, porém, descarta qualquer tipo de intromissão. Essa foi a mensagem dada pelo primeiro-ministro haitiano, Jean-Max Bellerive, em encontro realizado nesta segunda-feira (25) na cidade de Montreal, Canadá. Lá, a comunidade internacional se reuniu formalmente pela primeira vez para discutir a reconstrução do país caribenho, praticamente destruído pelo terremoto do último dia 12.

No encontro, Bellerive ratificou que todo o apoio de outros países é bem-vindo tanto para solução das questões emergenciais quanto para as de longo prazo. Porém, disse que o Haiti só se recuperará definitivamente da tragédia causada pelo tremor se liderar o processo de reorganização do país.

“Estamos conscientes de que a responsabilidade pelo nosso futuro recai sobre as mãos do governo e do povo haitiano”, afirmou Bellerive. “Foi criada uma confusão porque nós [o governo haitiano] não temos mais nossos prédios nem nossos servidores à disposição. Mas o governo está funcionando.”

Além do primeiro-ministro haitiano, participaram do encontro diplomatas e ministros de 13 países (Argentina, Brasil, Canada, Chile, Costa Rica, França, México, Peru, Estados Unidos, Uruguai, Japão, Espanha, e República Dominicana) e da União Européia. Órgãos internacionais, como a ONU (Organização das Nações Unidas), o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial também estiveram representadas no evento.

Respeito

O reconhecimento da liderança do governo do Haiti foi um dos pontos principais do documento da conferência de Montreal. Inclusive Brasil e EUA, que veladamente disputam o controle da missão de socorro ao Haiti, se pronunciaram favoravelmente sobre a soberania do país.

Presente da reunião, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, defendeu a ONU como a melhor intermediadora entre países interessados em ajudar e o Haiti. Ele também reforçou seu apoio ao governo do haitiano. "Não estamos aqui para substituir as autoridades legítimas", declarou.

“Temos que considerar a capacidade do governo do Haiti de unificar os esforços internacionais”, complementou a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, que também esteve no encontro.

Comprometimento

Do documento final da conferência, consta também a necessidade de um compromisso de pelo menos 10 anos da comunidade internacional com a república caribenha. Durante este período, além do auxílio na resolução de problemas imediatos, os países estariam comprometidos em criar um ciclo econômico duradouro e ambientalmente sustentável no país.

Lawrence Cannon, ministro das Relações Exteriores do Canadá e anfitrião oficial da reunião de Montreal, citou a geração de energia elétrica a partir do vento como uma das oportunidades das quais o Haiti poderá utilizar-se para a geração de empregos e renda.

Já sobre a arrecadação e distribuição de recursos oriundos de doações, uma nova reunião a ser realizada na sede da ONU de Nova York deve definir os pontos pendentes. A reunião ainda não tem data definida, mas deve ocorrer em março, segundo o ministro Cannon.

Fonte: Opera Mundi

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