Presidente do PCdoB diz que comunistas repetirão aliança com PT
O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, afirmou que os comunistas vão repetir em 2010 a “aliança histórica” que mantém com o PT desde 1989 e votar na candidata apoiada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sucessão presidencial, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). No Rio Grande do Norte, o partido vai apoiar um candidato que esteja alinhado ao campo nacional e que melhor represente o programa defendido pelo PCdoB.
Publicado 22/01/2010 15:35
“O PCdoB é aliado do presidente Lula desde 1989. É uma aliança histórica, que tem um sentido estratégico. Nosso lado é esse. Até porque os dois governos Lula são exitosos. A liderança de Lula é importante dentro e fora do país. Aqui no Rio Grande do Norte, o partido vai refletir essa linha nacional e apoiar um candidato dentro desse campo. Vamos analisar a candidatura que mais se identifica com esse campo e que melhor representa nosso programa”, declarou, em entrevista ao Jornal 96, da rádio 96 FM, de Natal, desta sexta-feira (22).
Renato Rabelo está em Natal para lançar o livro “Ideias e Rumos”, uma coletânea de artigos, conferências e debates produzidos ao longo de 30 anos de militância política dentro e fora do Brasil pelo líder comunista. No livro, Rabelo discute – segundo o próprio autor – “as questões estruturais, conjunturais e políticas para o desenvolvimento do país”. O lançamento será às 19h, O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte fica na Avenida Rio Branco, 753, Cidade Alta, Natal.
Rabelo disse que o PCdoB vive um período de expansão. O partido, segundo ele, “fez um grande esforço para manter a identidade socialista”, principalmente após a queda do Muro de Berlim (1989), quando “os ideólogos capitalistas diziam que o capitalismo teria que permanecer e que a história se resumiria ao capitalismo”.
“Lutamos para manter a nossa identidade de partido socialista, porque o comunismo é o socialismo mais amplo. De La para cá, o capitalismo atravessa uma crise de grande envergadura. Aqueles que diziam que o capitalismo era o fim da história agora se questionam se a história não tem outra expectativa. Os ideólogos que defendem o capitalismo são geriatras, porque o sistema já está aí há 300 anos. Enquanto os socialistas são os pediatras, porque o socialismo ainda está nascendo”, avaliou.
Para Rabelo, o capitalismo se mostrou incapaz de “transformar a força produtora em favor da maioria”. Em vez disso, o sistema leva a concentração dos “frutos do desenvolvimento” nas mãos de apenas um terço da população.
O presidente do PCdoB acredita que o grande debate está posto no mundo é a questão do desenvolvimento, que para ele não pode se dar de forma predatória, sem levar em conta o meio ambiente.
Ele defende que a questão central para o desenvolvimento é o problema das fontes energéticas. Rabelo defende que, nesta área, o nosso país está na vanguarda mundial.
“A questão central é a energia, porque não há desenvolvimento sem fontes energéticas. O petróleo está chegando numa fronteira e vamos ter que buscar novas matrizes energéticas, sobretudo renováveis. O Brasil está bem situado nesta área, porque 80% da nossa energia vem de hidrelétricas, que é uma fonte limpa. Nós também demos passos importantes com a energia da biomassa. O Brasil também avançou no etanol e no biodiesel. O Brasil está mais avançado que o mundo. Mesmo no petróleo, com a descoberta dessa reserva importante [do pré-sal], vamos ter uma base além das fontes renováveis”.
Renato Rabelo apontou aquele que considera o maior desafio do próximo presidente do Brasil: fazer a reforma tributária progressiva e promover o desenvolvimento com distribuição de renda.
“O governo Lula fez um grande esforço de distribuição de renda, porque desde a década de 1970 o país cresce sem distribuir. O grande problema a ser enfrentado agora é a reforma tributária progressiva. No Brasil os tributos são regressivos e não incidem sobre as altas rendas. Você tributa o que se consume e isso é injusto, porque quem tem menor salário sai perdendo proporcionalmente. Temos que mudar esse sistema regressivo. Esse seria um passo importante para resolver a desigualdade no país”.
De Natal,
Alisson Almeida e Marília Rocha
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