Neocolonialismo: EUA pedem mais poderes para tutelar o Haiti
Em tese, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, deveria ir ao Haiti apenas para discutir com o presidente haitiano, René Préval, a assistência financeira internacional e os planos para a reconstrução do país. Mas ao chegar à capital Porto Príncipe, na tarde deste sábado, 16, Hillary deixou mais do que claras as reais intenções de sua visita: manter o país caribenho sob as ordens da Casa Branca.
Publicado 16/01/2010 22:54
De acordo com ela, a ajuda ao Haiti poderia chegar de forma mais rápida se o Parlamento aprovar um decreto que dê mais poderes a Prèval. Alguns desses poderes — agregou Hillary — poderiam ser delegados aos Estados Unidos, como a garantia de decretar toque de recolher. “Um decreto daria ao governo uma autoridade enorme, a qual, na prática, eles delegariam para nós”, confessou a chefe do Departamento de Estado ao The New York Times.
Hillary explicou: o governo haitiano também busca se recuperar do terremoto e deu aos Estados Unidos liberdade de ação para trabalhar. Mas por que esse anúncio foi feito apenas por ela — e não por uma autoridade governamental do Haiti? As forças americanas, segundo ela, ficarão no local “hoje, amanhã e previsivelmente no futuro”.
Apesar das insinuações descaradas, Hillary defendeu a presença da missão de paz da ONU no Haiti, liderada pelo Brasil. “Estamos trabalhando para respaldá-los, não para substituí-los”, declarou a secretária, que chamou seu país de “amigo e sócio” da nação caribenha.
Ainda neste sábado, o ministro do Interior, Paul Antoine Bien-Aime, afirmou que o governo já havia recolhido cerca de 50 mil corpos. Esse número não inclui os corpos recolhidos pelas agências internacionais que trabalham em Porto Príncipe. “Antecipamos que teremos entre 100 mil e 200 mil mortos no total, mas nunca saberemos o número exato”, disse Bien-Aime.
Já o primeiro-ministro haitiano, Jean-Max Bellerive, afirmou que “um total final de mortos de 100 mil parece ser o mínimo”. A ONU estima que cerca de 300 mil pessoas ficaram desabrigadas devido ao terremoto. Agências ligadas à organização acreditam que 3,5 milhões de pessoas no país estão dependendo de ajuda humanitária para sobreviver.
A organização afirma que uma em cada dez casas da capital, Porto Príncipe, foi destruída pelo terremoto de magnitude 7. Já o Comitê Internacional da Cruz Vermelha sugere que cerca de 70% dos edifícios de Porto Príncipe foram destruídos no terremoto que abalou o Haiti.
É em meio à comoção por essa tragédia que Hillary aproveita para chantagear a opinião pública internacional e exigir um tipo novo de neocolonialismo no Haiti.
Da Redação, com agências