Brasil integra debate sobre alternativas ao capitalismo mundial
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim participa, nesta quinta (7) e sexta-feira (8), em Paris, do simpósio Novo Mundo, Novo Capitalismo, organizado pelo Ministério da Imigração, Integração, Identidade Nacional e do Desenvolvimento Solidário da França. O chanceler brasileiro integrou a mesa-redonda Enfrentamos Bem a Crise? e, ontem, participou de reunião-almoço com o conselheiro diplomático do presidente da França, Jean David Levitte.
Publicado 08/01/2010 14:37
Um dos primeiros a se pronunciar no simpósio, o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, afirmou que a resposta à crise mundial provou a importância do "bom e velho Estado". “A resposta à crise esteve à altura das circunstâncias”, considerou o primeiro-ministro português na abertura do simpósio realizado na Escola Militar em Paris, durante dois dias.
Sarkozy abriu o evento e incluiu o Brasil diversas vezes em seu discurso. Diante de Amorim, e por duas ocasiões, lembrou da admiração e da amizade que mantém com o presidente Lula e o Brasil.
“Quem pode pensar que, hoje, podemos resolver os problemas do mundo sem o Brasil?” indagou, ao defender a inclusão dos grandes países emergentes no Conselho de Segurança e o alargamento do G-8 (o grupo dos oito países mais ricos do mundo) para o G20, que inclui emergentes, como o Brasil.
Amorim, no entanto, negou que houvesse interesses por trás dos elogios de Sarkozy. Para ele, fazer uma relação entre as palavras do presidente francês e o possível fracasso da venda dos caças Rafale seria "pensar pequeno". O brasileiro foi um dos palestrantes da primeira mesa-redonda do evento e, em francês, defendeu a maior inserção dos emergentes na governança global.
Paz no Oriente Médio
Na véspera, em Genebra, o chanceler Celso Amorim, após encontro com autoridades da Palestina, admitiu que o Brasil deseja estabelecer um diálogo com o grupo Hamas, taxado de terrorista por vários países do Ocidente, e visa participar do monitoramento de eventual relançamento de um processo de paz no Oriente Médio. Mas foi alertado pelo governo da Autoridade Palestina sobre os riscos de uma aproximação com o grupo islâmico que pode sugerir uma capa de legitimidade internacional aos radicais daquela facção.
“Qualquer aproximação com o Hamas hoje pode ser interpretada pelo Hamas como uma espécie de fraqueza da comunidade internacional e um sinal de reconhecimento do sistema de facto criado em Gaza por meio da força e de um golpe. Por isso, os países devem ter cuidado”, disse o ministro das Relações Exteriores da Autoridade Palestina, Riad Malki, após encontro com Amorim.
Entre os resultados da reunião ficou a agenda de uma conferência mundial no Brasil, com a diáspora palestina, e a confirmação da visita do presidente Lula aos territórios palestinos, Israel e Jordânia em março.
“Sempre sentimos que muitos países têm o direito de dar sua contribuição para o processo de paz. Se o Brasil quiser ter esse papel, devemos considerar. Isso ajudará o processo de paz”, afirmou o palestino a jornalistas.
Amorim confirmou o objetivo de deixar o Itamaraty como encarregado de monitorar um ou outro aspecto do tratado de paz entre árabes e israelenses.
O chanceler advertiu que não há "soluções mágicas" e o Brasil não pretende ser o principal protagonista da cena. “As soluções estão lá. Já sabemos o que podemos obter como resultado. Mas a questão é como é que será a implementação do processo de paz. E não reinventar o processo”, concluiu.
Fonte: Correio do Brasil